Em quase a totalidade do século XX, havia vários saxofonistas que rondavam os Estados Unidos de costa a costa fazendo um som e ganhando a vida. Sanders era apenas mais um desses. Tocou em diversas bandas já jovem e viajado, e fez parte de uma das enormes bandas de Sun Ra, que lhe cunhou o título/apelido de Pharoah. Como já sabemos, Sun Ra era todo metido em egiptologia, sabe-se lá de onde veio essa alcunha.
Nos anos 60, a fama de Pharoah foi consagrada. Colhendo os frutos de seu reconhecimento com Sun Ra, gravou, em 64, seu primeiro álbum como líder do grupo. O disco se chamou, com efeito, “Pharoah’s First”, e acarretou num convite deveras importante para Sanders: um convite de John Coltrane.
Coltrane, naquela época, estava gostando muito da sonzeira mais libertária de ícones como Ornette Coleman, e decidiu ramificar seu trabalho para essa área. Formou uma infantaria de dois trompetes, dois sax-alto e três sax-tenor. Sanders entrou nessa terceira categoria, e lá começou, definitivamente, seu momento no Jazz. O disco se chamou Ascension, e é marco da história da música, com muitos solos e liberdade com licença.
Daí em diante, Pharoah fez a festa. Consagrou-se no estilo que atualmente é chamado de Cutting-edge Jazz, uma forma mais ácida do jazz que seria como um fusion-tradicional-contemporâneo. Não se preocupe, explicarei-me.
O fusion fica na liberdade, na dinâmica nova dos timbres e efeitos, no caso do sax o preferido de Pharoah é o over-blowing, técnica que consiste em estourar mesmo o som do instrumento, soprando pesado.
O tradicional está, principalmente, nas formações usadas e, em certos momentos, na execução de temas. Há, é claro, momentos que essa tradição foi deixada de lado.
A contemporaneidade está no som. No som anárquico de Sanders, no timbre, na técnica, na primazia. Cabe dizer que o referido som é único, mesmo apresentando influencias claras de Coltrane e Sun Ra, além de Freddie Hubbart.
Em 85, Pharoah lançou o álbum “Africa”, no qual é além de intérprete, fazedor de grandes temas. Tocou, nesse álbum, músicas como “Naima” ou “Speak Low”, mas com um arranjo que é bem só.
A música que dá nome ao disco é bem interessante, é um som um tanto étnico que não parece ter muita etnia, raça ou cor. Os gritos de do coro são, sem duvida, palavras de ordem da música, ou de desordem da música. Há influências de ritmos popularizados na América central, como a salsa além, é claro do bom batuque africano, que acoberta e é bom de escutar.
Minha faixa favorita é “You’ve Got to Have Freedom”. Nela percebemos a versatilidade do som de Sanders, que caminha do estridente ao aveludado em um mesmo compasso. O over-blowing é bem perceptível nessa faixa também.
Alias, se alguém souber o que está escrito na capa, depois me conte, por favor.
Escute Pharoah. Escute-o.
Faixas:
01. You've Got To Have Freedom
02. Naima
03. Origin
04. Speak Low
05. After The Morning
06. Africa
07. Heart To Heart
08. Duo
link pra downloadar tá nos comentários.
2 comentários:
Boa tarde
Estou fazendo a divulgação do cd-demo da banda On Canvas. O site está em fase final de produção. Mas, o album já pode ser ouvido on line ou baixado. O video de "A Time That Never Comes", que usa imagens do filme "Limite" de Mario Peixoto também já pode ser visto no Youtube.
Gostaria de saber a sua opinião sobre o projeto e, caso ache algum mérito no album, sua ajuda na divulgação do trabalho.
Agradeço sua atenção,
Marcello Monteiro
www.oncanvas.com.br
Download do disco:
http://www.oncanvas.com.br/oncanvas.zip
Video no Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=envz164TiOY
Ow, Pharoah Sanders é animal!
Fui no show dele outro dia, SUPREMO.
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