quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Cabezas de Cera - Cabezas de Cera (1997)

Fuçando em minha estante de vinis, percebi que se passou um tempo absurdo desde minha última postagem nesse saudoso blog. Me bateu uma vontade de voltar ao passado... Sabem como é, não é? Pois bem, cá estou!
E existe forma melhor de retomar esta onda de saudosismo do que desenterrar uma das mais ilustres sonzeiras de nossos irmãos Mexicanos? Creio que não. Até porque está aí um disco que vale cada segundo nele gravado. Trata-se do debut do Cabezas de Cera, principal nome da cena neo-progressiva/fusion da terra dos burritos.
Formado no ano de 1995, em plena Ciudad del Mexico, o grupo (composto pelos irmãos Mauricio e Francisco Soleto, guitarrista/baixista e baterista, respectivamente; pelo flautista Ramsés Luna e pelo especialista em efeitos sonoros Edgar Arrelín) se destaca pela ecleticidade: ao mesmo tempo em que sua sonoridade remete ao prog nu e cru, é notável a influência do jazz e de experimentalismos eletrônicos. Não é difícil perceber o uso de overdrives, efeitos em sintetizadores, cordas arqueadas, trechos de spoken word, solos de saxofone à lá New Orleans... É uma mistura riquíssima, interessantíssima e por demais saborosa, que não é RIO, Zeuhl, Post-Rock... É Cabezas de Cera.
O primeiro disco do grupo, lançado em 1997, é a síntese do que foi acima descrito. A primeira canção do álbum, Veintiuno, é de uma transcendentalidade perturbada, mas ainda assim possui um quê de beleza clássica. Em oposição a isso, temos a caótica manifestação post-rock Gocxilla, que chega a ser um tanto perturbadora de tão barulhenta.
Em seguida, uma das mais belas peças que o rock progressivo já foi capaz de criar: Encantador de Serpientes. É, na humilde opinião do blogueiro, a melhor do grupo. A flauta (ok, vocês me pegaram. Como flautista, sou suspeitíssimo para falar) aqui produz uma sequência melódica digna de deixar tanto Mozart quanto Thijs Van Leer de queixo caído. E, não bastasse tamanha beleza no som eólico do maravilhoso instrumento, logo chega um saxofone e dá um ar ainda mais quente a tão estonteante canção. Não poderia haver, por conseguinte, melhor faixa para seguí-la do que Un Pueblo Escondido, verdadeiro bate-papo entre violinos, violoncelos, flautas e marimbas; uma verdadeira manifestação de serenidade.
Dentre as outras faixas do disco - que mantém o mesmo padrão de qualidade sonora, diga-se de passagem -, destacam-se Pretexto a Un Texto Fragmentado, um quase-manifesto-caótico-musicado apoiado por pesados riffs de guitarra e Gitana, uma composição aciganada que dispensa apresentações.
Enfim, trata-se de um disco chave para a absorção da produção progressiva/experimental contemporânea, além, é claro, de uma excelente aquisição na coleção de sonzeiras de qualquer um que aprecie qualidade musical. Que não for capaz de gostar disso que atire a primeira pedra!

Faixas:

1. Veintituno
2. Goxcilla
3. Encantador de Serpientes
4. Un Pueblo Escondido
5. Caravana
6. Pretexto a Un Texto Fragmentado
7. Gitana
8. Frontera
9. Al Aire

Link nos comentários, minha gente!