terça-feira, 27 de abril de 2010

Rafael Castro - Estatuto do Tabagista (2009)


Boa tarde meus queridos.
"Pra que se meter com o tesão que nós sentimos?" diria o nosso novo disco.
A peça que eu lhes ponho à disponibilidade é um disco de um sujeito que é, na minha opinião um dos melhores músicos de São Paulo (estado, no caso) da atualidade. Saindo de São Paulo (agora cidade) pela Rodovia Castelo Branco, passando por Osasco, Barueri e Botucatu, e mais algumas dezenas de quilômetros à frente, pela Rodovia Marechal Rondon você chega à Lençóis Paulistas, cidade onde reside Rafael Castro, compositor e produtor, baixista, baterista, guitarrista e cantor que faz tudo isso em casa. Um roquenrou ácido, de humor satírico e carregado em influências sessentistas e setentistas, melodias cheias de groove e soul são libertadas por letras leves e cômicas dos mais diversos temas que irão no mínimo te intrigar se não lhe fizerem gostar demais desse cara. Trabalhos que oscilam do sertanejo no disco Raiz (2009) ao Rock&Roll influenciado por Hendrix e Page mostram a variedade de sons e conhecimentos desse cara que pode nos dar muitas outras alegrias com o tempo.
O disco que vou tentar ler aqui é o Estatuto Tabagista de 2009 o mais recente trabalho do artista do interior. A primeira música é "Gente de Quem?" cujo a guitarra te faz lembrar dos guitarristas já citados aqui, os solos do inglês dos Yardbirds e do Zeppelin e batidas funkeadas do americano da Experience e da Band of Gypsies. Os vocais misturando agudos e graves são uma marca desse brilhante sujeito de Lençóis Paulista. A seguir uma música chamada "Inimigo" que fala em sua letra sobre o medo de alguém que pode te assustar, uma sonoridade bem brasileira, e ao mesmo tempo características dos Beatles fluem em solos de guitarra e nos vocais. "Canapés" é um roquenrou também "beatliano", o órgão lembra "Don't Let Me Down" do disco Past Masters vol. 2, e ao mesmo tempo é conservado um vocal bem calmo, brasileiro na língua, a música também conserva as tradicionais mudanças de toada de música brasileira que Os Mutantes usavam e abriram os olhos do mundo para poder fazer esse tipo de brincadeiras, como, por exemplo, uma música da qual eu falei nesse blog posts atrás, "Hey Boy".
Peço atenção de todos vocês, meus caros para as letras que não serão decorridas nesse post por pura preguiça de quem lhes fala. Além disso, gostaria de ressaltar a qualidade das composições que entre melodias bonitas e jeitosas enredam histórias brilhantes de uma mente genial do cenário musical atual.
A música em seguida "Culpa, Abraço, Roupa, Coca-Cola" é um roquenrou de bateria invocada e guitarras funkeadas e tropicalistas que hão de lembrar o som dos Secos & Molhados, no latinismo, mas ao mesmo tempo quebra a moleza do som da banda de Ney Matogrosso e forma uma sonzeira setentista sensacional e irradiante, pesada de tanto groove e soul que leva, misturada com o vocal único do compositor formando talvez a melhor música do álbum que encerra em um senhor grito e solo. Mais adiante "Esse Negócio de Se Preocupar" fala dos esforços desperdiçados de alguém em um roquenrou bem maluco que parece ter um acordeon ao fundo, uma música brilhante de fraseados que ficam presos na memória, um solo que parece remeter à década de 80 mas muda e fica classudo, junto ao riff e ao som do acordeon ventando ao fundo. Em seguida "Ser" é um Jazz roquenrou, um jazzinho, para se dizer assim, meio misturado com tango, um solo de piano a là George Gershwin deixam a música mais curiosa ainda nessa mirabolante, brilhante genial mistura de sons que provam que não é mais uma banda de garagem que imita, por exemplo, The Sonics. "Por Não Ter Mais o Que Fazer" é um lento roquenrou manhoso com um órgão bem limpo ao fundoe uma solos de guitarra precisos, parece um pouco soar como o nome da música, parecem céticas puxadas de orelha de alguém que cansou e assim terminou seu disco.
Pode não ser a maior obra de todos os tempos, mas é claramente um álbum que traz no prazer, alegria e risos à face de qualquer um, além de te tirar da cadeira em algumas músicas, e me traz grandes esperanças, depois da tropicália a música no Brasil lutou para ser o pior o possível, mas quem sabe agora no final da primeira década de um milênio novas sonzeiras estão surgindo e como saqueador deste blog me sinto obrigado a divulgar a vocês.
O link abaixo é um acesso ao site que apoia o Rafael Castro [www.rocknbeats.com.br] e eu não sei muito sobre o site em si. mas eu baixei o som de lá. baixa você também.


Faixas
  1. "Gente De Quem?" (Rafael Castro) 3:14
  2. "Inimigo" (Rafael Castro) 3:22
  3. "Canapés" (Rafael Castro) 3:28
  4. "Culpa, Abraço, Roupa, Coca-Cola" (Rafael Castro) 4:12
  5. "Esse Negócio de Se Preocupar" (Rafael Castro) 2:55
  6. "Ser" (Rafael Castro) 2:03
  7. Por Não Ter Mais o Que Fazer (Rafael Castro) 4:15


Download nos Comments, como dita a tradição

ATENÇÃO, PARA OS MAIS AGRADADOS AQUI, OU QUEM QUISER OUVIR O SUJEITO AO VIVO!
na terça feira dia 4 de março no Tapas Club Rafael Castro e Os Monumentais (até onde eu sei é um belo power trio)
R. Augusta, 1246
São Paulo - SP, 01304-001
(0xx)11 3231-3705

domingo, 25 de abril de 2010

Gilberto Gil - 'Nêga" ou "Gilberto GIl 1971" (1971)


Boa tarde, bom final de semana a todos!
Em 1971, depois de ser preso em 69 pelo regime militar, e de uma turnê nos EUA Gilberto Gil gravou um disco em inglês, um disco de rock&roll com muitas versões tropicais de músicas gringas. Um dos discos mais interessantes de Gil que nos traz um som funkeado, com guitarra, violão, um baixo pegadíssimo percussão e bateria (quase nada da última) intrigantes acompanham, ditam o ritmo, e contornam o que é um dos discos mais incríveis da música brasileira, cheio de influências do Rock'n'Roll inglês e americano, que curiosamente saiu de catálogo para as gravadoras.
O disco inicia com a faixa título, "Nêga (Photograph Blues)" um blues de violão e baixo funkeado e uma guitarra de blues acompanhados por Gilberto Gil cantando e uma queixada no fundo como a única percussão da música inteira. Em seguida "Can't Find My Way Home" é uma linda balada de violão executada pelo grande Gilberto Gil e muito bem cantada, é, aliás, uma boa lição de canto para quem gostar de ouvir, é calma e bem levada, o falsetes agudos e o feeling da música na voz do intérprete brasileiro é algo brilhante. A seguir a terceira faixa "The Three Mushrooms" parece um hino de psicodelia e viagens é um ensaio de pirações do músico brasileiro com percussão brasileira uma música que soa como uma balada fica mais agitada quando o violão acelera e vira uma grande junção de sons, solos e a música fica linda com todos os sons misturados, vale à pena escutar até o fim. "Babylon" é um belo roquenrou seguinto a mesma levada de violão e percussão, o grande destaque fica mesmo para os vocais do Gil, mais de um canal de voz, um barato sonoro doidão. Enfim, isso resume basicamente o que será o disco inteiro. Fica o destaque para o FODIDO roquenrou que é "Crazy Pop Rock" guitarra distorcida batida acelerada, baixão doidera, som louco do nosso ex-ministro, antes da segunda estrofe entra a bateria invocada e funkeada. Os sambas (se não samba-rocks) "Mamma" e (lá vem um belo nome) "One O'Clock Last Morning, 20th April 1970" cantam a saudade do Gil daqui da nossa terra que via nos verdes lindos campos de lá o mar daqui. Vão ainda três versões ao vivo de um show que eu não sei o que é e como são dez para as duas da manhã minha energia não foi o suficiente para encontrar informações, mas são as músicas "Can't Find My Way Home", de Steve Winwood, "Up From The Skies" de Jimi Hendrix e "Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band" dos Beatles.
Bem, o que dizer? É um disco mais que digno de ser baixado e esse aqui é essencial. É um post meu que eu parei mais ou menos na terceira faixa e de lá pra cá mudei bastante minha forma de escrita. Tomara que para melhor.
Putz, baixa aí, na maior.

Faixas:
  1. "Nêga (Photograph Blues)" 5:40
  2. "Can't Find My Way Home" 5:17
  3. "The Three Mushrooms" 5:39
  4. "Babylon" 4:20
  5. "Volks Volkswagen Blues" 4:06
  6. "Mamma" 3:48
  7. "One O'Clock Last Morning, 20th April 1970" 4:36
  8. "Crazy Pop Rock" 4:11
  9. "Dos Pés à Cabeça" (Ao Vivo) 4:27
  10. "Can't Find My Way Home" (Ao Vivo) 6:35
  11. "Up From The Skies" (Ao Vivo) 5:12
  12. "Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band" (Ao Vivo) 9:35
Tem um link lá nos Comments

sábado, 24 de abril de 2010

B.B. King & Jimi Hendrix - The Kings' Jam (1968)


Depois de ter sido possivelmente saqueado por leis de pirataria, que não incentivamos aqui de forma alguma, trago a vocês um bootleg do grande Hendrix, só que dessa vez eu coloco ao lado do deus da guitarra o rei do blues. Sim, senhoras e senhores lhes trago um disco ao vivo no qual Jimi Hendrix e B.B. King (Acompanhados Pela Paul Butterfield Band, Elvin Bishop e Al Kooper) compartilham palco e tocam um sonho de blues, rock&roll R&B e soul.
O disco gravado no dia 15 de abril de 1968 é um show que ocorreu no Generation Club, de Nova Iorque traz uma coletânea de músicas e jams muito bem tocadas pelo duo. Hendrix e B.B. King formam uma dupla muito conexa e bem acompanhada por um teclado cheio de soul, a bateria de improvisos e solos bem colocados e com tempo impecável, o baixo é algo que impressiona pelos fraseados improvisados que solam sob a guitarra e mostram um universo musical diferente já na primeira música.
Essa primeira sonzeira é uma outra homenagem de Hendrix para o divisor de águas Bob Dylan, exatamente, "Like A Rolling Stone", achou que eu ia dizer "All Along The Watchtower" né? solos de guitarra impressionantes dão um contorno mais pesado ao clássico do rock&roll e country de Dylan. Em seguida há uma música que ficou intitulada no disco como "Blues Jam #1 Part 1" e essa primeira parte da primeira jam tem 19 minutos de sons inimagináveis das mãos de todos os músicos. Típico dos shows de B.B. King, e um pouco diferente das performances de Hendrix todos os músicos solam e mostram que cada um, no seu distinto instrumento, também é um grande músico, atenção especial ao solo de teclado, o baixo tem uma linha pegada e com soul até dizer chega. Quando os guitarristas se dispõem a solar também precisamos tirar o chapéu e ficar calados por esses quase 20 minutos de música, e por favor, não faça como os DJ's da agora infame Kiss FM que costumam cortar os solos de grandes músicas no meio, e escute a música inteira. Em seguida vem a "Blues Jam #1 Part 2" com psicodelia de hendrix em solos de wah wah e efeitos de guitarra. Em seguida há uma apresentação de músicos, a quarta faixa do disco. Contiunemos agora com uma introdução brilhante de órgão, para um blues lento e melancólico, a nossa quinta faixa "Blues Jam #2 - Slow Blues Part 1" mais uma lição de blues que eu posto aqui nesse infame blog. em seguida a sexta faixa é a continuação desse blues lento, mas que promete muito show de guitarras e gaita. A sétima música é um novo Blues, dessa vez mais rápido, um rock&roll claro. Encerramos esse brilhante disco com um blues "It's My Own Fault B.B. King assume os vocais e mostra por que é o melhor bluesman do pós segunda guerra mundial.
Esse já é um bootleg relativamente famoso. Mas é com certeza algo que todo mundo precisa ter no computador, uma jam session cheia de soul e que é um marco. A Kings' Jam, como ficou conhecido o disco, é um grande momento da música mundial. Compartilho com vocês um dos eventos mais individuais da década de 60.

Faixas
  1. "Like a Rolling Stone" (Bob Dylan) 8:00
  2. "Blues Jam #1 Part 1" 18:57
  3. "Blues Jam #1 Part 2" 6:11
  4. "Introduction by B.B. King 1:01
  5. "Blues Jam #2 Part 1 - Slow Blues Part 1" 4:45
  6. "Blues Jam #2 Part 2" 13:26
  7. "Blues Jam #3" 3:29
  8. "It's My Own Fault"(B.B. King) 8:37
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sexta-feira, 23 de abril de 2010

Malicorne - Le Bestiaire (1979)

Nos anos 70, o músico Gabriel Yacoub fundou o Malicorne, uma banda folk que teve certo renome e um som único. Sempre inovadores, mandavam ver resgatando instrumentos de outras eras, como o saltério ou o bouzouki, mesclando-os com nosso arsenal de instrumentos contemporâneos, criando um som diacrônico.
Em 1971 a banda começou a explodir e gravar diversos discos, gravando 9 deles em 7 anos. Um desses foi “le Bestiarie”, que ressuscitava uma perspectiva de épocas um tanto nebulosas da história com, contudo, uma das fases mais pop do grupo. Contudo, o conjunto não perde suas raízes e exceção da última faixa (“Jean des loups”), que foi composta por Gabriel Yacoub, o disco foi inteiro foi baseado em músicas tradicionais do oeste e centro europeu, e rearranjado pelos artistas do Malicorne.
O álbum começa com “Les Sept Jours de Mai”, que mostra e ao mesmo tempo omite o que é o som dos caras, pois demonstra um ar “moderno” nos baixos em slap e guitarras efusivas, e mostra, também, um vocal menos atual. Na segunda faixa, “le Mule”, temos uma música a capella que homenageia a mula como um animal mitológico, assim como em “les Ballet des coqs”, esta faixa, em especial, lembra o início de “primavera”, de Vivaldi. Esse tributo ao animal ainda é vivo na faixa “le Branle des Chevaux”, que em português significa “o movimento dos cavalos”. Já na faixa ”Alexandre”, o grupo reconstrói uma tradicional dança búlgara. Em “les Transformation”, há uma mistura de elementos já apresentados até agora, como o forte canto em diferentes vozes e os arranjos para diversos e diversificados instrumentos. Em seguida dessa, encontramos “le Chasse Gallery”, que engana com um começo com um quê experimental e prossegue como as outras músicas, e não é em todo lugar que se ouve um gongo, não é?

1. Les Sept Jours de mai
2. La Mule
3. Le Branle des chevaux
4. La Transformation
5. Le Chasse Gallery
6. Le Ballet des coqs
7. Alexandre/Danse bulgare
8. Jean des loups

link in coommentaaarios

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Os Mutantes - A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970)

Em 1967 um conjunto de rock&roll despertou o interesse de todos no III festival de música popular brasileira da Record ao acompanhar Gilberto Gil numa versão de Domingo no Parque, arranjado pelo maestro brasileiro, comparado a George Martin (produtor de um dos maiores clássicos da música britânica e quiçá (quiçá o escambau) mundial, o álbum Sgt Pepeprs Lonely Hearts Club Band)Rogério Duprat. Esse conjunto, formado em 1966 por Sérgio, um virtuoso guitarrista, Arnaldo, o mais brilhante nome da música brasileira (e mundial) gênio dos teclados e alma da banda e Rita Lee a invocada vocalista. Eram Os Mutantes, o trio paulista da Pompéia.

Em 1970 depois de estourarem junto à tropicália com o álbum Panis et Circensis (1968), depois do lançamento do disco homônimo (Os Mutantes, 1968) e de Mutantes (1969) o trio grava o disco “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado de 1970 e será a este álbum que eu arriscarei uma homenagem no meu segundo saque.

Acompanhados por Raphael Villardi nos violões, Naná Vasconcelos na percussão, Liminha no Baixo, Dinho Leme na bateria e orientados pelos arranjos de Rogério Duprat, Os Mutantes lançam seu terceiro álbum de estúdio e aprofundam-se na psicodelia do final da década de 60 com arranjos de teclado, vocais e baixos complexos.

O disco começa com a faixa título ”Ando Meio Desligado” uma linha de baixo pegada e marcante, com a bateria levando a cozinha brasileira a outro nível, posteriormente a guitarra virtuosa de Sérgio Dias se mescla aos sons da percussão num embalo à psicodelia que obviamente não tem volta. Continuando vem a graciosa e satírica “Quem tem Medo de Brincar de Amor” onde começam as brincadeiras típicas e molecagens que mesclam-se ao som funkeado da banda nos apitos e ao cantar o refrão nas vozes de piadas infantis, a quebra sonora, que há também quando o funk conduz a um rock&roll com bateria de samba e tudo isso é abençoado com um solo espetacular de Arnaldo Baptista. Em seguida a enigmática “Ave Lúcifer” uma música que “piração” talvez não seja uma expressão suficiente para falar sobre a embriaguez sonora e lírica produzida. Em seguida a canção “Desculpe Baby” é uma carta de alguém buscando ser livre, com um fraseado de guitarra que irá te enlouquecer. “Meu Refrigerador Não Funciona” é um Blues que se sustenta no órgão de Arnaldo Baptista e na compassada linha de baixo e no apaixonado vocal de Rita Lee. Seguida pela carinhosa “Hey Boy” imita swingues com backing vocais graves seguindo o baixo alternando a graciosidade e o invocado mix de personalidades da guitarra de Sérgio Dias que leva até a um pequeno Honky Tonk blues. “Preciso Urgentemente Encontrar um Amigo” é uma versão da letra do Rei Roberto Carlos e do Tremendão, o Erasmo. Mais Adiante fica a dúvida que ronda “Chão de Estrelas” e se esclarece em seguida quando o cantarolar melancólico de Arnaldo contrasta com os sons de brincadeiras, da cômica bateria e da brincante toada regida por Duprat. “Jogo de Calçada”, por sua vez traz uma mistura de baião na guitarra com música sertaneja do vocal e roquenrou no mais bruto do que há da bateria e da guitarra que, mais adiante na faixa, leva o grupo para um profundo banho de rock&roll inglês, e eu na minha admiração me estendo demais nesse post, mas a culpa é do disco.

Que ainda não acabou. Ainda bem. “Haleluia” do coro de igreja e música barroca, com o baixo de R&B e os orquestramentos de Duprat começam a embolar a música que cresce ao ouvido de todos com a bateria de Rock&Roll e o órgão que antes era macio e carinhoso torna-se algo rasgado e frito para acompanhar o solo, que leva a música para uma acelerada batida de cheia de soul. O solo de bateria que vem a seguir dá a abertura de “Oh! Mulher Infiel” de fraseado inimaginável. Inimaginável como toda a música que se desenrola e encerra este magnífico álbum da melhor amostra da banda que fez o Rock&Roll virar roquenrou.

Inimaginável mesmo é você não baixar esta piração, roquenrou, brazuca e sinistra que eu acabo de descrever aqui.

Faixas

  1. "Ando Meio Desligado" - (Arnaldo Baptista / Rita Lee / Sérgio Dias) 4:48
  2. "Quem Tem Medo de Brincar de Amor" - (Arnaldo Baptista / Rita Lee) 3:44
  3. "Ave, Lúcifer" - (Arnaldo Baptista / Rita Lee / Élcio Decário)2:20
  4. "Desculpe, Babe" - (Arnaldo Baptista / Rita Lee) 2:50
  5. "Hey Boy" - (Arnaldo Baptista / Élcio Decário) 2:47
  6. "Meu Refrigerador Não Funciona" - (Arnaldo Baptista / Rita Lee / Sérgio Dias) 6:23
  7. "Preciso Urgentemente Encontrar Um Amigo" - (Roberto Carlos / Erasmo Carlos) 3:50
  8. "Chão de Estrelas" - (Orestes Barbosa / Sílvio Caldas) 4:45
  9. "Jogo de Calçada" - (Arnaldo Baptista / Wandler Cunha / Ilton Oliveira) 4:08
  10. "Haleluia" - (Arnaldo Baptista) 3:38
  11. "Oh! Mulher Infiel" - (Arnaldo Baptista) 3:19

Link nos Comments, queridos

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Big Brother & The Holding Co. Feat. Janis Joplin - Big Brother & The Holding Co. (1967)



Saudações do seu mais novo saqueador.
Bom, o que trago aqui para os curiosos é um grande clássico do rock&roll, internacional, sessentista e hippie (curiosamente esses dois últimos praticamente se explicam). Em 1967, depois do Monterrey Pop Festival, Big Brother & The Holding Company lança um Disco homônimo e lança também, em estúdio, uma das cantoras mais apreciadas no mundo inteiro, por seu enorme repertório fluindo pelo hard rock com muito soul e claro, R&B, a Pearl, Brilhantísima Janis Joplin.
O disco começa com a fluente guitar de "Bye Bye Baby" que logo é alcançada (a guitarra) pela voz da grande cantora, uma bateria bem marcada de David Getz dá o compasso. Em seguida um Rock&Roll com aquela puxada country na guitarra e cantada por um dos rapazes, "Easy Rider" continua o cd com umsolo de baixo que sobra em preciosismo nas mãos de Peter Albin. Em seguida o hard rock "Intruder", com um pegado riff e a marcante voz de Janis sublinhada pelo solo de guitarra. A psicodélica "Light is Faster than Sound" com um arranjo vocal armado para uma dinamite sonora que queima pavio para explodir em seguida na elétrica bateria de Getz. Call on Me traz outra vez a marcante criação de levadas da banda e um lado mais lento, mais romântico, com os graves backing vocals acompanhando a cantora Californiana. Em seguida um Soul que podia facilmente ser mais um clássico da banda Booker T. & The MG's, "Women is Losers foi, na verdade, composta pela incrível Joplin. Blindman em seguida traz outro som digno dos arranjos de Jethro Tull e Sam Andrews mostra que não é apenas a Pearl quem sabe cantar no grupo.
"Down on Me" continuando e começando o encerramento do brilhante álbum é uma peça de baixo marcante e de vocais que ficam presos na cuca. "Caterpillar" de Peter Albin é talvez a música mais simples do álbum, só que não deixa de ser marcante pela levada entre as bobas frases escritas pelo baixista. "All is Loneliness", composta pelo cego de Nova Iorque, Moondog, soa como uma puxada típica da califórnia do Jefferson Airplane, a psicodelia dos vocais que abrem a música sem falar na linda letra entoada pela rasgada voz de Janis Joplin. Com "Coo Coo "o grupo mostra o virtuosismo dos seus membros e começam a importunar os ouvintes que sabem que a música é a última e que o bolachão está na última faixa do lado B e tudo o que você quer é simplesmente virá-lo e ouvi-lo de novo. A música dá adeus àqueles que compraram o álbum e deixa com sede todos os apreciadores de boa música que esperariam para ouvir um novo cd da Pearl com a grande banda, CD esse que viria no ano seguinte, mas Cheap Thrills (1968) fica para outra postagem, que eu não posso abusar muito já que se trata da meu primeiro post aqui. O link traz ainda duas faixas adicionadas em um relançamento de 1999, e o single "The Last Time" ao qual eu sugiro que você disponha uma certa atenção.
Concluindo esse post anuncio que mesmo que nada disso que eu tenha dito tenha agradado você, não posso fazer nada senão sugerir que você faça o download e escute por contra própria e admire o que é o primeiro disco de estúdio de uma das cantoras mais influentes de todos os tempos.
Pois é meus caros, fica aqui a dica que todo amante do rock&rol, do soul, de música boa pacas deveria baixar,

Faixas:
  1. Bye, Bye Baby (Powell St. Johnn) 2:39
  2. Easy Rider (James Gurley) 2:26
  3. Intruder (Janis Joplin) 2:25
  4. Light Is Faster Than Sound (Peter Albin) 2:29
  5. Call on Me (Sam Andrew) 2:35
  6. Women Is Losers (Janis Joplin) 2:06
  7. Blindman (Peter Albin, Sam Andrew, David Getz, James Gurley, Janis Joplin) 2:26
  8. Down On Me (Tradicional, Arranjo de Janis Joplin) 2:07
  9. Caterpillar (Peter Albin) 2:21
  10. All is Loneliness (Moondog) 2:32
  11. Coo Coo (single) (Tradicional, Arranjo de Janis Joplin) 1:59
  12. The Last Time (single) (Janis Joplin) 2:17
Extras 1999
13. Call On Me (Versão Alternativa) 2:42
14. Bye, Bye Baby (Versão Alternativa) 2:39


Download nos comments

quinta-feira, 8 de abril de 2010

George Benson - The Other Side of Abbey Road (1969)



Em 1969, enquanto os Beatles ainda estavam colhendo os frutos do álbum Abbey Road, George Benson logo foi regravar certas das faixas do disco. O resultado foi “The Other Side of Abbey Road”, um álbum com 5 faixas, contendo 10 músicas do disco referenciado.
O que você deve estar pensando é como um disco pode ter o dobro de músicas do que de faixas, e isso se dá devido ao uso (e não abuso) de medleys nos arranjos propostos (como quando ele fez a adorávell junção contrastante de Something"/"Octopus's Garden"/"The End").
O álbum é breve, com cerca de meia hora, mas é muitíssimo bem trabalhado. A formação nas músicas contou, no total, com vinte e cinco músicos, estando entre eles grandes figuras do jazz, como o pianista Herbie Hancock e o baixista Ron Carter. Falando nisso, o disco é predominantemente jazzístico, mas com um toque de orquestração cá (vide “Here comes the Sun”) e um pingo de bossa lá (como em “You Never Give Me Your Money”). Dentre o jazz, predominam as baladas, como em “Golden Slumbers” ou “Oh, Darling”.
Seja no vocal ou na guitarra, George Benson é gênio. Toca com um tremendo respeito, mas com um baita sentimento. Existem, inclusive, faixas em que ele alterna os instrumentos, como “Something”, permitindo-se fazer solos ótimos, mesmo que a proposta de solos em Beatles seja um tanto perigosa.
O omelete entre jazz e Beatles coube muito bem nesse caso
Jazz na sua melhor forma. Grandes solos, grandes temas, grande banda e grande encaixe entre todos os citados.

Tracklist:
1. Golden Slumbers/You Never Give Me Your Money
2. Because/Come Together
3. Oh! Darling
4. Here Comes The Sun/I Want You (She's So Heavy)
5. Something/Octopus's Garden/The End

link in comments.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Almirante - A Maior Patente do Rádio (1930-40)



Um musicão. Almirante foi um musicão. Além de radialista, foi um grande compositor e intérprete do samba brasileiro. Ele é o compositor de notáveis marchas carnavalescas, como “Touradas em Madrid” ou “Tarzan”. Essas e outras marchas rolam pelas ruas até hoje, mesmo que cada vez menos.
A carreira musical de Almirante começou no fim da década de 20, com a formação de um pequeno grupo musical em 1928, o “Flor do Tempo”. Neste, Almirante acompanhava companheiros cariocas, como o depois reconhecido Braguinha.
Poucos anos depois, esse grupo acabou, e Almirante se juntou a músicos como Noel Rosa em um outro grupo, denominado o “Bando de Tangarás”. Na verdade, talvez seja mais correto dizer que o “Flor do Tempo” fagocitou Noel Rosa e Alvino e formou-se o “Bando de Tangarás”. Nesta nova formação, os sambistas tocavam temas para lá de bem humorados, como “Viemos do Norte”.
Na Era de Ouro do rádio, Almirante adotou o apelido de “a maior patente do rádio”, que deu, inclusive, nome ao disco aqui presente. Neste, ele não poderia ter interpretado as marchas de maneira mais coerente. Estão reunidas nesse álbum gravações tomadas ao longo da década de 30, com vários notáveis companheiros de Almirante. Não falta nem sentimento, nem beleza e nem animação. Destaque as faixas “Tarzan” e “Apanhei um Resfriado”, onde Almirante alicia uma letra muitíssimo elaborada, com uma métrica única. Os arranjos desse álbum também são bem legais, com uma flauta ali, um pianinho aqui. A percussão também é indispensável.
Coisa boa, coisa boa.

Faixas:

1. Trem Blindado
2. Foguinhos
3. Símbolo da Paz
4. Tarzan
5. Ninguém Fura o Balão
6. Contrastes
7. O orvalho Vem Caindo
8. História do Brasil
9. Vida Marvada
10. Assim como o rio
11. A Benção Papai Noel
12. Apanhei um Resfriado

chip-chip, link nos comentários.