sábado, 4 de janeiro de 2014

Pat Metheny - The Orchestrion Project (2013)


Considerado uma lenda viva do jazz, o guitarrista estadunidense Pat Metheny dispensa grandes apresentações. Nascido no Missouri em 1954 e, sob a tutela do húngaro Attila Zoller, levado desde cedo a frequentar apresentações de artistas como Jim Hall e Ron Carter, o jovem Pat rapidamente pegou o espírito da coisa e começou a se destacar no meio, até fazer sua primeira gravação profissional em estúdio com ninguém menos que Jaco Pistorious. Daí pra frente foi um estouro: o músico decolou no mundo do jazz , do fusion e do bop e lançou maravilhosas obras como Offtramp, Imaginary Day, Like Minds (gravado com Chick Corea, Dave Holland, Gary Burton e Roy Haynes) e, mais recentemente, o aclamadíssimo álbum Unity Band. Metheny também é conhecido por seu violão de estimação, o Pikasso I de 42 cordas que, diga-se de passagem, tem um som incrível, como é possível ver no vídeo abaixo:



Aliás, criatividade e instrumentações espalhafatosas sempre foram características muito fortes de Pat. Tanto é que, nos idos de 2008/2009, começou a trabalhar num projeto que, segundo o próprio, tinha em mente desde que tinha 9 anos de idade: a criação de um grande Orchestrion, que nada mais é do que um grande organismo mecânico capaz de tocar instrumentos conforme uma programação pré-determinada (e, mais tarde aprimorado, capaz de acompanhar o músico e seguir uma improvisação, por exemplo). Dentre os instrumentos robóticos, estão pianos, marimbas, vibrafones, sinos de orquestra, baixos, guitarras, percussão, garrafas e teclados. Agora... Ninguém melhor que o próprio Metheny para explicar como todo esse mecanismo funciona, não é mesmo?



Enfim... Construída a sua orquestra de robôs amestrados, só restava ao virtuoso sentar e fazer o que ele melhor sabe: música. Em 2010, lançou Orchestrion, um album de estúdio muito bem visto pela crítica como um experimento de jazz fusion e uma elevação do conceito de "banda-de-um-homem-só" à enésima potência. Juntamente do disco, Pat Metheny gravou, sob a direção dos irmãos Pierre & François Lamoureux, The Orchestrion Project (lançado em 2013), uma incrível performance onde o guitarrista, solitário e introspectivo, conduz magistralmente uma sinfonia robótica na antiga igreja abandonada de St. Elias (a propósito: as imagens são maravilhosas e eu recomendo a todos que tiverem a oportunidade: vejam o filme pelo menos uma vez).

A trilha sonora da apresentação foi lançada junto com o filme e é uma obra-prima! O disco duplo contém aproximadamente duas horas de improvisações delirantes e canções bem conhecidas de seu repertório, como Unity Village, Antonia e Sueno con Mexico, todas brilhantemente acompanhadas pela sinfonia artificial de Metheny. Além disso, o álbum também conta com a Suite Orchestrion, especialmente escrita para ser executada junto com as máquinas. É um álbum muito denso e pode ser um pouco cansativo para quem não tem o ouvido acostumado a longas improvisações e ao virtuosismo do fusion. De qualquer forma, é de encher os olhos de qualquer fã de jazz: a música é de uma qualidade inquestionável.

Agradabilíssimo, para se ter na estante. Vale muito a ouvida.

Faixas:



Disco 1
 
 01. Improvisation #1 4:51

 02. Antonia 6:14

 03. Entry Point 10:27

 04. Expansion 8:43

 05. Improvisation #2 10:07

 06. 80/81-Broadway Blues 4:23

 07. Orchestrion 15:59

Disco 2
 
 01. Soul Search 9:54

 02. Spirit of the Air 8:38

 03. Stranger in Town 5:39

 04. Sueno con Mexico 8:53

 05. Tell Her You Saw Me 5:17

 06. Unity Village 7:35
 
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