quarta-feira, 30 de junho de 2010

Volta Sêca - Cantigas de Lampeão (1957)

Nascido no Sergipe em 1918, Antônio dos Santos abandonou a família ainda cedo, juntando-se, com apenas 11 anos, ao bando de Lampião. Enquanto cangaceiro, ficou conhecido pelo apelido de Volta Seca e tornou-se uma das figuras mais importantes do grupo. Preso pela primeira vez em 1932, fugiu e voltou à cadeia duas vezes, até ganhar sua liberdade em 1954, em função do "perdão" que lhe foi concedido pelo presidente Getúlio Vargas.
Marcado pela sociedade, o retorno às ruas foi um desafio para Volta Seca, que casou-se e foi morar no Nordeste. Entretanto, após um convite do cineasta Lima Barreto para criticar o filme "O Cangaceiro" em São Paulo, Antônio dos Santos mudou-se para o Sudeste, onde conseguiu emprego em uma ferrovia. Tendo ganhado maior destaque na mídia após esse evento, o ex-cangaceiro conseguiu gravar, pela Continental, o presente álbum.
Com instrumentação do maestro Guio de Moraes, o disco conta com oito canções populares do bando de Lampião, todas assinadas por Volta Seca. Em ritmo de baião e acompanhado por zabumba, triângulo, sanfona e vocais de fundo, Antônio dos Santos solta sua voz trêmula e doída em cada uma das músicas. Algumas delas são bem conhecidas, como "Acorda Maria Bonita", sempre usada para despertar o bando, e "Mulher Rendeira", que aqui aparece com os mesmos versos cantados na ocasião em que os cangaceiros invadiram a cidade de Mossoró. Outras, menos, como as líricas "A Laranjeira" e "Se Eu Soubesse".
Entre uma faixa e outra, há ainda curtos trechos de narração de Paulo Roberto, o então apresentador da Rádio Nacional. Neles, o radialista dá as devidas introduções às canções, explicando-as com um tom romanceado característicos dos anos 50.
Enfim, sem mais delongas, o que temos aqui não é um disco qualquer! É nada mais nada menos que uma legítima preciosidade da cultura e história do Nordeste brasileiro e, por que não?, uma genuina expressão da arte humana mundial. Viva o cangaço!

Faixas:
1- Acorda Maria Bonita
2- A Laranjeira
3- Ia Pra Missa
4- Mulher Rendeira
5- Se Eu Soubesse
6- Sabino e Lampeão
7- Escuta Donzela
8- Eu Não Pensei Tão Criança

Linque para o dáunloude nos comentário, ô cabra da peste.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Wayne Shorter - Schizophrenia (1967)



Enquanto o Estados Unidos colhia os frutos de sua grande depressão, nascia Wayne Shorter. Quando moço, o pai de Wayne, percebendo o interresse e o dom do garoto para música, encorajou-o a praticar o saxofone. Anos de música se passaram, e Wayne teve seu primeiro grande período em 1958, na orquestra de Maynard Ferguson, onde conheceu o austríaco Joe Zawinul, que foi compositor e um dos criadores do jazz fusion, com quem juntou-se anos depois no grupo Weather Report. No ano de 1959, Shorter juntou-se aos Art Blakey’s Jazz Messengers, tornando-se, em pouco tempo, “líder” do grupo.
Em 1964, começou seu momento de maior fama, mesmo ele já tendo lançado dois álbuns solo. Nesse ano, o sax de Wayne juntou-se com o trompete de Miles Davis e com o piano de Herbie Hancock para formar um dos quintetos mais célebres da história do Jazz.
Nessa época, Wayne já compunha a beça, e, no ilustre ano de 1967, lançou o disco “Schizophrenia”. O disco conta com seis faixas, sendo cinco delas de composição do saxofonista e uma delas, “Kryptonite”, uma música do flautista James Spaulding, que fazia parte do grupo criador desse álbum. Os músicos desse disco são todos figurões, basta ver o baixo e o piano, de Ron Carter e Herbie Hancock. É inovação do começo ao fim, se formos conceituar, esse é um álbum-exemplo de construção, seja a obra como um todo ou cada composição por si só. Um exemplo dessa construção é a primeira faixa do disco: “Tom Thumb”, e também a segunda faixa: “Go”.
Diferente de outras gravações de Jazz, esse disco conta com faixas razoavelmente longas, de seis minutos em média. Em todas as faixas há solos, e estes dispostos sempre pertinentemente com a proposição da faixa.
Um grande valor de Shorter é a capacidade de criar, com um som limpo, uma atmosfera obscura e nebulosa e quiçá, sedutora. A faixa “Schizophrenia” ilustra muito bem essa qualidade, e não é a toa que ela da nome ao disco, é suprema. Arrisco dizer que ela retrata a melancolia e a euforia que é se sentir esquizofrênico, cindido.
Anos depois desse disco, Wayne lançou mais de dez outros álbuns solo, e participou do renomado grupo Weather Report, do qual se desvencilhou em 1985. No período do Weather Report, gravou junto com Milton Nascimento, inclusive.
Toca até hoje, mesmo com setenta e tantos anos.
Viva Wayne Shorter!

Faixas:

1.Tom Thumb
2.Go
3.Schizophrenia
4.Kryptonite
5.Miyako
6.Playground

linke tá nos palpites

Count Basie - Basie's in the Bag (1967)


No início do século passado nasceu um dos figurões do cenário do jazz: Count Basie. Seu nome era, na verdade, William, mas foi lhe dado o apelido de "Count" (em inglês, conde), devido a sua importância um determinado momento da música, a dita Era do Swing, onde canções acompanhadas de descontraídas big bands floreciam no continente norte americano.
Count nasceu em Jersey, e nem chegou a completar seu colégio, pois largou esse para viver na música. Com 20 anos de idade, mudou-se para Nova Iorque, onde aprendeu durante 3 anos com grandes pianistas do Harlem, tal qual Fats Waller ou Willie "the Lion" Smith. Terminados esses anos, decidiu mudar-se novamente, tentando afastar-se das fortes influências para, então, criar seu próprio estilo e sua voz. Moveu-se, então, para Kansas City, onde fez parte do grupo "Blue Devils", que era liderado pelo baixista Walter Page.
Anos se passaram. Certo verão, Count, em uma de suas apresentações, chamou a atenção de um renomado crítico musical da época, John Hammond. Para ele, o som de Basie era "mais exitante que qualquer outro na história de orquestras americanas".
Mais anos se passaram. A popularidade de Count Basie crescia assim como os Estados Unidos pós-crise. Nos anos 30, o clarinetista Benny Goodmann deu início a o período áureo de Basie: A Era do Swing (de onde, como já foi dito, saiu até sua condecoração como conde).
A Era do Swing passou, o cenário musical mudou, mas Count Basie continuava com popularidade e fama histórica. Em meio a esses anos após seu periodo áureo, lançou "Basie's in the bag".
Neste, Count escolheu um repertório com uma pitada de um pouco de tudo que ouviara até então e se mostrou um exímio arranjador para naipes de metais. Neste álbum ele executou de Booker T. ("Green Onions") até Four Tops ("Reach out I'll Be there"). São raras as vezes em que um ritmos dispensa uma melodia, e é o caso partes de certas faixas desse álbum, como "Memphis Tennesse" ou até mesmo "Green Onions". O contrário também ocorreu nesse disco, pois a melodia criou o ritmos em faixas como "Mercy, Mercy, Mercy", onde Count praticamente traduziu a exitação de sua Big Band em seu arranjo. E sem deixar de lado seu lado solista.
Esse é um disco é duca. Sugiro-o para os bons corações e ouvidos.
E que capa, hem?

Faixas:
Lado A:
Mercy, Mercy, Mercy
Hang On Sloopy
Don't Let The Sun Catch You Crying
Ain't Too Proud To Beg
Goin' Out Of My Head
In The Heat Of The Night
Lado B:
Green Onions
Knock On Wood
Let The Good Times Roll
Bright Lights, Big City
Reach Out I'll Be There
Memphis Tennessee

Linque nos cumentáreos.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Lou Reed - Claim to Fame (1976)


Saravá! meus caros blogueiros, visitantes e companheiros de blog! Me pediram para mandar umas coisas mais underground assim.. aí eu pensei, "pô, um bootleg do loureed vai nessa aí. Quiçá".
Esse disco um amigo meu me emprestou. Tá escrito, numa pedaço de folha pautada (monobloco ou folhão), na capa do respectivo disco algo mais ou menos assim (em inglês): "uma sonzeira incrível, groovie jazz do lou reed in the 70's. Uma grande viagem sonora. Diamante nos seus ouvidos". Na contra capa do disco está escrito algo assim:"This is a genuine DIAMOND IN YOUR EAR release for a selected number of fans. There are only 500 copies in the world. Your copy no." E carimbado está o número da sua cópia. E é isso aí.
Bom. O Lou Reed é mais conhecido como o guitarrista, vocalista e compositor do Velvet Underground e pelo sucesso obtido em carreira solo, principalmente com o hit "Walk on The Wild Side". Nasceu no Brooklin (Nova Iorque) e cresceu em Freeport se interessando por rock'n'roll e R&B, aprendeu a tocar guitarra pelo rádio e por aí vai. Formou o Velvet Underground em 1965 com John Cale, lançou o famoso disco Velvet Underground & Nico, produzido por Andy Warhol (da capa da banana), gravou o VU, que só viria a ser lançado em 1985) e abandonou o projeto em 1970. Começa então sua carreira solo e lança em 1972 dois incríveis discos Lou Reed e Transformer. Em 1976 Lou Reed faz um incrível show de jazz, funk e muito Rock'n'Roll, é essa pérola que eu deixo para vocês hoje aqui no Saqueando.
Gravado por Lou Reed na guitarra e vocal, Marty Fogel no saxofone, Michael Fonfara, teclado, Michael Sikorsky na bateria e Bruce Yaw no baixo esse CD transborda uma musicalidade completamente diferenciada. A primeira faixa é um jazz funkeadíssimo, muito pirada, é uma grande session da banda. Felizmente Lou Reed não esqueceu-se do que foi produzido durante a época do Velvet e continua tocando grandes clássicos da banda que aqui são relidos e revistos como nunca. Ele toca "Sweet Jane" do disco Loaded (1970) brilhantemente, diga-se de passagem, "Waiting For The Man" do Velvet Underground & Nico e "She's My Best Friend" e "Lisa Says" do VU.
Da carreira solo temos várias músicas do Rock and Roll Heart (1976), do qual sairam "I Believe in Love", "Sheltered Life", "Claim to Fame" e "You Wear it So Well". Por fim, do Coney Island Baby (1976) saiu "Kicks". Ficou faltando falar apenas do grande hit de Lou Reed durante a carreira solo que não ficou de fora desse disco. Do Transformer (1972) saiu "Walk on The Wild Side" transformada aqui numa espécie de êxtase de dez minutos.

Faixas
  1. "Jam" 7:07
  2. "Sweet Jane" 4:32
  3. "I Believe In Love"
  4. "Lisa Says" 7:08
  5. "Kicks" 11:59
  6. "She's My Best Friend"
  7. "Waiting For The Man" 12:31
  8. "Sheltered Life" 6:34
  9. "You Wear it So Well" 4:51
  10. "Claim To Fame" 2:52
  11. "Walk on The Wild Side 10:33
Diamante nas orelhas, nos comments

sábado, 26 de junho de 2010

Garage Beat '66 (Vol. 5 - Readin' Your Will!)


Salve Salve meus caros e minhas caras!
E eu não faço a menor idéia do que eu tenho aqui! Mentira, até que faço alguma, mas ainda assim. O ano era 66 e a idéia era o hippie e o flower power e a psicodelia certo? Quase tudo, fica alguma psicodelia e vão embora todos os outros fatores. Bandas de Garagem americanas que praticamente não deram certo. Esse disco vem de uma coletânea na qual os discos eram de artistas semelhantes aos Stones e aos Yardbirds, mas aqui o que há é uma idéia mais à la 13th Floor Elevators.
Um disco que irá soar familiar apenas para aqueles que já tenham escutado as músicas, entre as quais figuram clássicos cults como 'Zakary Thaks' e 'Unrelated Segments', mas muitas coisas desconhecidas aparecem como The Lemon Drops, obviamente semelhantes ao Lou Reed de Velvet Underground e Nico ou "Thoughts" do Front Page News, que apesar de semelhança inegável aos Yardbirds ousam com guitarras mais distorcidas, órgão e nada de cover dos bluesmans. Fica a dica para "Thirteen O'Clock Fiight To Psychedelphia" da banda Plato and The Philosophers, com vocal e guitarras semelhantes ao genial som do Jefferson Airplane.
The Human Expression é uma das bandas de mais destaque do disco, com um cd gravado e vários singles, a outra é Zakary Thaks que apoiou turnês do Jefferson Airplane e do Elevators.
Como dito previamente eu não tenho muito o que dizer além disso, já que não conheço as bandas para dizer o que eu tenho nas mãos.

Faixas
  1. "Story Of My Life" (Unrelated Segments) 2:40
  2. "I Can See" (The Liberty Bell) 3:06
  3. "It Hapens Everyday" (The Lemon Drops) 2:17
  4. "Bad Day Blues" (Headstones) 2:53
  5. "Don't Hurt Me" (Beefeaters) 2:52
  6. "I'm Going Ahead" (Thingies) 2:16
  7. "A Taste of The Same" (The Bad Seeds)
  8. "Thoughts" (Front Page News) 3:08
  9. "Readin' Your Will" (The Human Expression) 2:37
  10. "Face To Face" (The Zakary Thaks) 2:59
  11. "Make Me Some Love" (The Knights Bridge) 3:04
  12. "Open Up Your Mind" (The Nuchez) 3:07
  13. "Never Existed' (The Basement Wall) 2:00
  14. "Optical Sound" (The Human Expression) 2:37
  15. "Thirteen O'Clock Flight To Psychedelphia" (Plato & The Philosophers) 3:02
  16. "Flashback" (Silk Winged Alliance) 3:06
  17. "No More" (Morning Dew) 2:47
  18. "Little Girl" (Arkay IV) 2:49
  19. "Little Latin Lupe Lu" (The Heartbeats) 2:10
  20. Action! (Speaks Louder Than Words)

Tem um Link la nos comments



segunda-feira, 21 de junho de 2010

Led Zeppelin - Led Zeppelin I (1969)



Boa tarde meus caros, eu tô de férias e to pirando aqui.

-=Caso não conheça a banda (o que me assusta pacas) comece a ler aqui.=-

Em 1968 um grande grupo inglês por onde passaram grandes guitarristas se desfez. Esses três guitarristas eram Eric Clapton, Jeff Beck e Jimmy Page. Esse último sujeito acabou com a responsa de levar essa banda inexistente, Os Yardbirds, até a Escandinávia e tocar uma turnê pré arranjada. Então o senhor Page dispara a formar a banda dos sonhos que sempre sonhou que seria Steve Winwood ou Steve Mariott nos vocais, a cozinha do The Who, Keith Moon na bateria e John Entwistle no baixo, dois que foram colocados entre os melhores de seus instrumentos e consigo mesmo e Jeff Beck nas guitarras. É óbvio que ninguém topou.
Então o abacaxi teve de ser corrigido aos poucos. Ao procurar Terry Reid para ser o vocalista este recomendou Robert Plant do Band of Joy, Plant arrastou o amigo John Bonham e por sugestão da esposa, John Paul Jones ligou para Page e perguntou sobre a vaga, este fechou a banda no instante. Com esse grupo formado temos o The New Yardbirds que iriam tocar na escandinávia.
Ao retornar da turnê eles fixam o nome Led Zeppelin em função da lendária e já conhecida expressão de Keith Moon sobre a super banda, que essa seria como um zepelim de chumbo, Lead Zeppelin Por sugestão do empresário Peter Grant eles tiram o "a" de Lead para não gerar confusões com os americanos e seu "Leed".
O Led Zeppelin ficaria famosíssimo com o tempo, conhecidos como os inventores do Hard Rock e, infelizmente, do Metal. Conhecidos pelo rock&roll muito misturado ao blues a banda inglesa é uma das mais influentes da década de 70.
E provavelmente tudo isso que eu disse foi à toa, pois a banda fez sua própria fama.

-=Caso conheça a banda, comece a ler por aqui.=-

Mas além de festas e bebedeiras da década de 70 eu quero lembrar do comecinho, em 1969, depois da consagração de Woodstock e do Monterey Pop Festival, uma banda inglesa lança um primeiro disco bastante embebido em blues e com inovações puxadas de estilos músicais mais variados.
O Led Zeppelin I foi o primeiro disco da banda e traz algumas músicas da primeira turnê pela escandinávia como "I Can't Quit You" e "You Shook Me" de Willie Dixon, composições dos próprios músicos da banda como os incríveis rock&rolls que são "Good Times Bad Times" de qual a conhecidíssima batida de guitarra, baixo e bateria fazem o sangue pulsar mais rápido, o groove dos pequenos fraseados de John Paul Jones no baixo e o incrível solo de Jimi Page e "Communication Breakdown" que exprime exatamente o que seria a banda, a guitarra pesada em distorção, o baixo sempre preciso e por vezes inquietante de John Paul Jones as monstruosas performances de John Bonham na bateria, o rasgado e influente vocal de Robert Plant e os rápidos e "pentatônicos" solos de Jimi Page. A música que mais marcou a banda nesse disco foi, com certeza, a composição de Page, "Dazed and Confused" famosa pela "macabra" linha de baixo e pelo famoso solo de guitarra usando um arco de violino feito em shows.
É um disco bastante único, com blues como "You Shook Me" ou "Your Time is Gonna Come" (que por sinal pulsa ao som do órgão do baixista, multinstrumentista na real, John Paul Jones).
Não é uma peça rara, nem essencial na real.. bom, talvez seja essencial para a história da música, mas nada como Os Beatles foram. Só que todo mundo já teve aquela fase na qual se ama o Zeppelin, to certo?
Fica aí, de brinde para quem se interessar.

Faixas:
  1. "Good Times Bad Times" 2:46
  2. "Babe I'm Gonna Leave You" 6:41
  3. "You Shook Me" (Willie Dixon) 6:28
  4. "Dazed and Confused" 6:26
  5. "Your Time is Gonna Come"4:35
  6. "Black Moutain Side" 2:13
  7. "Communication Breakdown" 2:30
  8. "I Can't Quit You Baby" (Willie Dixon) 4:43
  9. "How Many More Times 8:28
tá lá nos comments, com sempre

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Os Mutantes - Jardim Elétrico (1971)

Direto de Johannesburgo trago-lhes um novo disco ao Saqueando!
Pediram! então, com atraso de alguns meses, talvez, lhes trago outra pérola dessa grandíssima banda brasileira. Lhes trago, direto de 1971 o espetacular Jardim Elétrico dos Mutantes.
Um disco singular, como todos os outros álbuns da banda que merece mais elogios que eu posso oferecer. O Jardim Elétrico foi lançado em 1971, é o quarto álbum dos Mutantes, sem contar o Tecnicolor que, apesar de ter sido gravado antes, em Paris, no Mesmo ano foi lançado apenas em 1999 ou 2000, se não me engano. É nessa época que a banda corria por viagens psicodélicas e fez um som brilhante, bastante inspirado na música americana e inglesa. Quatro das músicas que aqui estão foram originalmente gravadas no estúdio La Dame de Paris para serem lançadas no Tecnicolor. Todas as músicas foram gravadas por Rita Lee nos vocais, Sérgio Dias na guitarra, Arnaldo Baptista no teclado, Dinho Leme na bateria e Liminha no baixo, tem ainda a participação do grande Rogério Duprat que fez os arranjos orquestrais.
O disco começa com "Top Top", um roquenrou famoso, os conhecidos vocais agudos no início e os versos cantados mais agudos ainda parecem o sarcasmo da banda, uma guitarra muito funkeada de Sérgio Dias e um solo sensacional. Aula de música com os Mutantes. Continua com "Benvinda" que podia ser mais uma música meio melosa do Tim Maia tal como é dito no verso do disco: "Qualquer semelhança com Tim Maia não é mera coincidência", mas sobra musicalidade verde e amarela com os backingvocals e arranjo de metais. "Tecnicolor" mostra a psicodelia brasileira no que pode ser seu auge. É uma das músicas que seriam lançadas no disco gringo, toda cantadada em inglês, um baixo lindo e guitarra brilhante, bateria de samba e muito sabor para algo que nao devia ser meramente escutado. "El Justiceiro" uma música puramente latina, cantada em espanhol e inglês é a letra sarcástica sobre o herói que cobra dinheiro. "It's Very Nice Pra Xuxu" começa com um timbre de órgão de igreja é outra peça singular da banda com vocais que começam lamentando e mudam para a voz rasgada de Arnaldo esganiça as palavras precisamente. "Portugal de Navio" tem um baixo e voais pesados e reconhecíveis até por quem é surdo a tons. Mas o que começa como uma história de jazz, blues pesado vira um roquenrou brazuca de vocais agudos e transformam uma sobriedade grave em psicodelia aguda, É também uma das poucas músicas que Os Mutantes incluem um solo de gaita, termina com o piano de Arnaldo solando perfeitamente, talvez seja a música de menos sonaridade brasileira do grupo. "Virgínia"é outra música pouco brasileira, mas curiosamente agradável a quem a escuta. A faixa título a seguir é um compulsivo roquenrou com órgão pesado e guitarra incansável de Sérgio Dias, brilhante, psicodélica, brazuca invocada. "Lady Lady" é quase Beatles, a canção traz muita sonoridade de Liverpool, se não fosse a flauta e o solo, a sutil flauta logo no começo e a mudança de ritmo para algo acelerado e novamente impetuoso não assustaria ser gringa e estar no Revolver, Saravá. "Saravá" é mais roquenrou incansável e pesado em cima de uma típica expressão brasileira, cheia de distorção a música se contrasta com o final. "Baby" do Caetano Veloso cantada em inglês é outra pérolinha que os mutantes dão para a gente relaxar ao final de muita intensidade sonora.
Bem, é essa a minha forma de lhes dizer o que é esse disco, estou meio cansado agora e não tenho a mesma disposição que eu tive para outros álbuns, só que o que eu trago é uma pérola da música brasileira que é impossível de não ter no seu computador.
Grande abraço, e logo mais Gal - Fa-Tal

Faixas
  1. "Top Top" (Os Mutantes) 2:27
  2. "Benvinda" (Os Mutantes) 2:48
  3. "Tecnicolor" (Os Mutantes) 3:57
  4. "El Justiciero" (Os Mutantes) 3:55
  5. "It's Very Nice Pra Xuxu" (Os Mutantes) 4:49
  6. Portugal de Navio" (Os Mutantes) 2:43
  7. "Virginia" (Os Mutantes) 3:27
  8. "Jardim Elétrico" (Os Mutantes) 3:14
  9. "Lady Lady" (Os Mutantes) 3:33
  10. "Saravá" (Os Mutantes) 4:25
  11. "Baby" (Caetano Veloso) 3:40
Link nos Coments*~

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Marva Wright - Born With The Blues (1993)


Nascida na Louisiana em 1948 "Marvalous" Marva Wright é uma cantora de blues pouco convencional. Começou, como outros cantores de blues, cantando em igrejas e seu único acompanhamento era o piano da mãe. Sua grande influência foi a estimada cantora de gospel Mahalla Jackson. "Marvalous" Marva Wright faleceu este ano, aos 62 anos de idade, como consequência de dois infartos sofridos no final do ano passado.
Curiosamente Marva demorou a começar sua vida profissional como cantora. Apenas em 1987 ela começou a cantar, mas apenas para sustentar a família com um segundo emprego. E foi em 1989 que foi feita a primeira gravação numa performance ao vivo na mítica cidade do jazz, Nova Orleans. Em 1991 estorou com uma performance durante o Super Bowl e no mesmo ano lançou seu primeiro disco intitulado Heartbreakin' Woman. Em 1993 lançou a segunda peça chamada Born With The Blues e é esse disco que vai quentinho, direto do forno para o Saqueando.
Um disco de blues sensacional para ninguém por direito, com claras influências de Koko Taylor e muita pegada Gospel no som de Marva Wright, a Rainha do Blues, como era conhecida. "The Glitter Queen" parece uma introdução da Marva sobre si mesma, depois de fazer sucesso ela pareceu se ver como uma grande cantora que, infelizmente, demorou a cantar para o mundo. "What's Wrong", música com uma pegada Buddy Guy de ser é um pesado blues com muuuito feeling. "Before I Met You" tem um piano e órgão muito bem tocados. A faixa a seguir, homônima ao disco, é "Born With The Blues" com um vocal emocionante e uma guitarra de acompanhamento suave e gentil, para não roubar o brilho da cantora. Mais adiante temos "Pray" que é uma exuberante mostra de influências do Gospel assim como "It's So Nice". Seguindo a lógica das influências também regrava "Hound Dog" de Jerry Leiber e Mike Stoller gravada originalmente por Willie Mae "Big Mama" Thorton.
Enfim. Eu sou meio suspeito para falar de Blues. Mas ainda assim, esse é um cdzaço de primeira que você não acha por essas bandas em que vivemos, ou seja, do lado de cá do Equador e do Atl.ântico. Curta aí uma sonzeira louca e brilhante. Se tiver na gringa e me conhecer, traz um outro cdzinho dela pra mim, vá?

Faixas
  1. "The Glitter Queen" 4:11
  2. "What's Wrong" 3:53
  3. "Three Times" 3:35
  4. "Before I Met You" 5:15
  5. "Born With The Blues" 5:24
  6. "It's Gonna Be Alright" 5:32
  7. "Been & Gone" 3:05
  8. "Pray" 5:02
  9. "Hound Dog" 5:33
  10. "It's So Nice"5:46
  11. "He's On The Way" 3:13
  12. "Do Right Woman - Do Right Man" 5:38
  13. "Can't Nobody Love You" 2:42
Tá lá, como sempre, nos comments

terça-feira, 8 de junho de 2010

Django Reinhardt - The Best of Django Reinhardt [Capitol/Blue Note] (1996)

Alou meus caros.
Um gênio talvez seja pouca expressão para exaltar as capacidades deste violonista e guitarrista esplendoroso que foi Django Reinhardt. Lhes digo foi pois esta é a vida do nosso novo post aqui no Saqueando. E por que me corrigiram recentemente do facebook, completo meu post dizendo, um "cigano de nata" e que, por ele, jazz deveria ser escrito com um 'D' na frente
Como diz a wikipédia, nasceu dia 23 de janeiro de 1910 em Liberchies na Bélgica, foi um cigano guitarrista de jazz. Foi um dos mais brilhantes e influentes músicos do jazz europeu e mundial e é provavelmente o principal nome do instrumento no gênero. Muitas de suas canções tornaram-se clássicos do jazz, e veja bem, não é difícil acreditar. Junto a Stephane Grappelli formou, em 1934, o conjunto Quintette du Hot Club de France.
Agora uma sacada sobre o cara. em 1928 (18 anos de idade) um incêndio queimou sua casa e junto com ela metade do seu corpo com queimaduras de primeiro grau. Médicos afirmaram que ele nunca mais poderia tocar violão, mas quem diria que esse belga conseguiria tocar com apenas dois dedos na sua mão esquerda (era destro).
Depois da segunda guerra mundial foi aos EUA excursionar e tocou junto a grandes músicos do jazz americano como Duke Ellington, com quem fez a sua primeira turnê na terra dos ianques, primeira e última, por alguns quiprocós ele logo volta à Europa e passa os restos de seus dias tocando em pequenos clubes de Paris.
Influenciou dezenas de guitarristas ao redor do mundo, entre eles estão com certeza os maiores gênios como B.B. King, Chet Atkins, Hendrix (este teria nomeado a Band of Gypsies em função de Django) e outros.
Falando de música agora, Django Reinhardt é conhecido por algumas gandes músicas que se tornaram famosíssimas ao redor do mundo, como "Djangology" que infelizmente não consta nesse cd, "Minor Swing" que é, na minha opinião, um dos jazzes mais bem feitos da história da música, animado, com groove até, e muito blue, com um solo de violão incomparável que certamente confirmam a fama de gênio que o violonista conseguiu com o tempo. "Nuages" é algo mais cheio de sons, graças ao acréscimo do clarinete.
Enfim, eu não vou me perder mas é ridículo de bom e você deveria ter esse cd, sérião. Mas enfim, é quase domínio público, mas quem sabe..
A melhor música, no conjunto de tudo o que eu já postei aqui é, na certa, "Minor Swing" o disco vale por ela.

Faixas:
  1. "Limehouse Blues" 2:46
  2. "When Day Is Gone" 3:12
  3. "St. Louis Blues" 2:43
  4. "Minor Swing" 3:17
  5. "My Serenade" 3:03
  6. "You Rascal You" 3:08
  7. "Montmartre" 2:26
  8. "I'll See You in My Dreams" 2:33
  9. "Naguine" 2:30
  10. "Nuages" 3:19
  11. "Blues Clair" 3:05
  12. "Django's Tiger" 2:39
  13. "Ol' Man River" 2:42
  14. "Diminushing" 3:17
  15. "Oh, Lady Be Good" 3:00
  16. "To Each His Own Symphony" 3:03
  17. "Place de Brouckère" 2:57
  18. "Manoir de Mes (Django's Castle)" 3:17
E como sempre tá lá, nos palpites

sexta-feira, 4 de junho de 2010

The Britain Singers - Grilação Mundial (1971)

Antes de tudo, gostaria de pedir mil perdões pela ausência eterna neste amável blogue sobre música. Depois de muito tempo distante, venho aqui recuperar o serviço paterno sobre o Saqueanndo a Cidade.

Trouxe de presente hoje um disco que muito dificilmente uma pessoa normal poderá encontrar por aí. Isso por que foi prensado num selo minúsculo de uma gravadora quase que de garagem - sem falar que os caras da banda, além de pouco criativos, não conseguiram sucesso nenhum com esse vinil. A banda em questão chama-se The Britain Singers. Nada mais eram que um grupo de paulistanos psicodélicos que curtia uma sonzeira sessentista. Infelizmente, não tinham muita capacidade pra compor, então essa pérola achada na famosa feira da Benedito Calixto nada mais é que uma coletânea de covers, bem interessantes, por sinal.
O disco, lançado em escala pequena no ano de 1971, abre com o hit da banda Slade "My Friend Stan". Divertidinho e bem groovesco, bacana de se ouvir, mas nada de muito especial. A faixa a seguir, por outro lado, é um pseudo-hit da primeira banda a gravar "Twist and Shout" (sim, essa música não é dos Beatles). Trata-se de "That Lady", sonzeira dos Isley Brothers, soulzinho psicodélico alucinante, que, inclusive, me arrisco a dizer que ficou melhor que o original!
Além das já citadas, vale a pena também dar destaque à versão super sexy e bem rouca de "Nutbush City Limits", de Tina Turner, o elétrico twist "Ballroom Blitz" e a versão bacaninha de "Higher Ground", do mestre do funk/R&B/soul, o grande Stevie Wonder.
Enfim, não é um disco que traga nada de muito novo pra ninguém, mas vale muito a pena pela qualidade das versões e também pela raridade! (Garanto a vocês, não há outro lugar senão o Saqueando a Cidade onde vocês possam achar essa pérola!)
É ouvir pra entender.

Faixas:
1. My Friend Stan
2. That Lady
3. Knockin' On Heaven's Door
4. Nutbush City Limits
5. Ghetto Child
6. Love Me Like a Rock
7. Shine On Silver Sun
8. The Ballroom Blitz
9. Laughing Gnome
10. Higher Ground
11. Top Of The World

links nos comentários, moçada!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Stevie Ray Vaughan - Texas Flood (1983)


Yeah yeah yeah!
Direto do Texas, nascido em 1954, influenciado por Jimi Hendrix e Buddy Guy tocando uma fender Stratocaster e fazendo uso indevido de cocaína e álcool, Stevie Ray Vaughan lançou em 1983 um álbum de Blues, blues mesmo, blues no osso. Esse álbum que faria dele o conhecido guitarrista que foi indicado ao Rock'n'Roll Hall of Fame e é considerado um dos melhores guitarristas da história.
Texas Flood é um disco sério, de música muito boa, de rock'n'roll e muito blues, muito, muito blues. Stevie Ray acompanhado pela Double Trouble, banda formada em meados de 1978 com Chris Layton na bateria e Tommy Shannon no baixo. Disco este eleito um dos melhores dos últimos 20 anos, e pelo som que se escuta é fácil perceber que como blues, é comparável ao Riding With The King do B.B. King com o Clapton.
As músicas são todas blues bem tocados, com cozinha de blues, com jeito de blues. Alternando em composições próprias e de outros bluesmen Vaughn faz um som profundo. "Mary Had a Little Lamb" é uma brincadeira feita por Buddy Guy com a música infantil clássica em todo Estados Unidos. 'Dirty Pool" é um blues cheio de emoção, composto em parceria com Doyle Bramhall, grande blues man. "Love Struck Baby" e "Pride And Joy" são pérolas do talento de um múico excepcional, o blues mais próximo do roquenrou que já existiu no caso da segunda, e na primeira, um Rock'n'Roll digno do Hall da Fama.
Esse disco que eu subi tem ainda faixas bônus nas quais Stevie Ray fala, toca a brilhante "Tin Pan Alley" e outras três músicas ao vivo.
Eu particularmente sou fanático por Blues, B.B. King, Jimi Hendrix, Pinetop Perkins, Eric Clapton, Buddy Guy, Little Walter, Muddy Waters, John Lee Hooker, Big Bill Broonzy, Mississipi John Hurt, Hank Williams, todos gênios, de diferentes épocas que fizeram nascer a música popular de hoje em dia, tudo que há ao nosso redor de sonoridade nasceu das mãos desses caras, se tem guitarra e vai um 4/4, surgiu do blues, mas muita coisa se perdeu. Aqui está alguma boa alma que não se perdeu.
Stevie Ray Vaughn na década de 70 se negou a tocar com uma banda que tinha decidido usar maquiagem no palco, e por essa atitude, de não se perder e de fazer um dos melhores discos desde a década de 60 que ele vem parar aqui no saqueando.

Faixas
  1. "Love Struck Baby" (Vaughan) 2:24
  2. "Pride and Joy" (Vaughan) 3:40
  3. "Texas Flood" (Larry Davis, Joseph Wade Scott) 5:21
  4. "Tell Me" (Chester Arthur Burnett, Howlin' Wolf) 2:49
  5. "Testify" (Isley Brothers) 3:22
  6. "Rude Mood" (Vaughn) 4:40
  7. "Mary Had A Little Lamb" (Buddy Guy) 2:27
  8. "Dirty Pool" (Vaughan, Doyle Bramhall) 5:02
  9. "I'm Crying" (Vaughan) 3:47
  10. "Lenny" (Vaughan) 5:07
  11. "SRV Speaks" (Vaughan) 0:38
  12. "Tin Pan Alley ( AKA Roughest Place in Town)" (Robert Geddins) 7:42
  13. "Testify" (Ao Vivo) (Isley Brothers) 3:54
  14. "Mary Had A Little Lamb" (Ao Vivo) (Buddy Guy) 3:31
  15. "Wham" (Ao Vivo) Lonnie Mack 4:21

link nos comments, meus caros

atenção, esse final de semana Rafael Castro e os Monumentais no Zé Presidente. na sexta lá pela meia noite (quase sábado)