domingo, 23 de agosto de 2009

Pierre Schaeffer & Pierre Henry - Symphonie Pour Un Homme Seul (1949)

Pierre Schaeffer foi um radialista, que trabalhando com recursos de looping, reversão e velocidade sobre fragmentos de fitas magnéticas, construiu o princípio do gênero musical que ficaria conhecido como a “musique concrète”. É o fruto de fragmentos de sons industriais ou naturais mexidos e remexidos formando composições acerca de certos assuntos (ou não), como Schaeffer faz com trens e estradas de ferro em "etude aux chemins de fer", que é reconhecida como a primeira peça do gênero.Esse movimento pretendia criar uma música "de verdade" ou "concreta", colocando, para isso, elementos naturais e musica apartir de até então ruidos cotidianos ou corriqueiros. A música concreta busca novas dimensões para o som através de experimentações, tentando situar os ruídos no meio espacial, dando um caráter concreto à música. Pierre tentou achar e classificar quantos sons fosse possível da natureza, o que lhe dava uma gama maior do que era possível criar.
Pierre Henry, compositor francês, conheceu Schaeffer em 1950, quando formaram o ”Groupe de Recherche de Musique Concrète GRMC”. Henry, por sua vez, é reconhecido por seu pioneirismo em outro gênero: a musica eletroacústica, que trabalha com criação ou modificação por computador.
Devido à extrema fragmentação e talvez certa falta de compreensão o trabalho de Schaeffer e Henry só começou a ser tomado como satisfatório certo tempo depois com trabalhos como o presente “Symphonie Pour Un Homme Seul”, que mesmo sendo de caráter ainda pouco compreensível para ouvidos leigos foi uma obra certamente marcante, por sua inovação quanto a recursos (aceleração, reversão, loop).
Retratando elementos de diversas áreas, é possível mergulhar no universo de cada ambiente retratado musicalmente. Faixas são cheias de emoção, seja como em "Colletif" ou em "Eroïca", e criam incomodo à psique, criando certa sensação enclausurante.
Outro aspecto intrigante desse movimento é a atonalidade, tal como em "Partita", onde são recortados sons de instrumentos em uma experiência metalinguística, pois se reflete sobre música na própria com fragmentos musicais.
Outro álbum completamente aberto a entendimentos diversos, e basta apenas se deixar levar pelos sons que se chega em interpretações únicas.
Tracklist:
1. Prosopopee I
2. Partita
3. Valse
4. Erotic
5. Scherzo
6. Collectif
7. Prosopopee II
8. Eroïca
9. Apostrophe
10. Intermezzo
11. Cadence
12. Strette

sábado, 22 de agosto de 2009

História da MPB: Música Sertaneja (1983)

Primeiro de tudo, quero ressaltar que, apesar do nome, este disco não é uma coletânea de música sertaneja. Pelo menos não da música romântica barata feita duplas fantasiadas de caubóis americanizados que caracteriza o gênero que chamamos de "sertanejo" atualmente. O que temos aqui nada mais é do que uma compilação de clássicos da genuína música caipira de raíz. O canto tradicional do homem rural do interior de São Paulo.
O álbum é introduzido por uma explicação de o que é o gênero gravada pelo próprio Cornélio Pires, o maior pesquisador da cultura e da figura do caipira paulista, que foi responsável pela introdução da Moda de Viola no mercado musical em 1929, por meio de uma empreitada ousada. Sobre essa empreitada, abro aqui um parênteses para contar a tal história (ou deveria dizer "causo"?): as gravadoras não aceitaram fazer a tiragem de discos proposta por Cornélio (era maior até do que as dos discos de sucesso da época) e este a bancou com dinheiro emprestado. Assim que ficaram prontos, colocou tudo num carro e saiu vendendo pelo interior de São Paulo. Antes de chegar em Bauru já tinha vendido tudo. Enfim, lenda é lenda...
Voltando a falar do disco... Após a emocionada abertura narrada por Cornélio Pires, temos "Moda de Peão", uma típica Moda de Viola, daquelas que parecem lamento. É cantada por uma dupla acompanhada por um violão e a letra tem um quê de relato, em primeira pessoa, como se fosse uma contação de causo. Em seguida vem "Fogo no Canaviar", Moda com características que surgiram no gênero no pós-guerra, tal qual o uso de instrumentos como o acordeão. Depois vem "Moda da Pinga", cantada por Inezita Barroso numa interpretação confiante de si mesma.
Daí em diante o disco vai se desenrolando em várias outras belas obras, interpretadas por grandes nomes do gênero, como Vieira & Vieirinha, Itaporanga & Itararé, Tião Carreiro & Pardinho... De Tonico & Tinoco, provavelmente a maior dupla caipira da história, temos aqui o emocionante super-clássico "Tristeza do Jeca", que mais tarde virou nome e tema do filme de Mazaroppi. Outros clássicos como a trágica "O Menino da Porteira" também estão presentes nessa compilação.
Enfim, este é um álbum que vale a pena ouvir caso se tenha interesse. É sempre bom estar disposto para ouvir... Livre dos preconceitos que geralmente são associados aos termos "caipira" e "sertanejo". Pelo menos do ponto de vista antropológico (assim como aquele disco da Sumatra que eu postei aqui há um tempo), é muito muito bom.

Faixas:
1. Moda do Peão - Cornélio Pires
2. Fogo no Canaviar - Alvarenga & Ranchinho
3. Moda da Pinga -Inezita Barroso
4. Boi Amarelinho - Torres & Florêncio
5. Sertão do Laranjinha - Tonico & Tinoco
6. O Menino da Porteira - Tião Carreiro & Pardinho
7. Beijinho Doce - Irmãs Castro
8. Mágoa do Boiadeiro - Ouro & Pinguinho
9. Quatro Coisas - Vieira & Vieirinha
10. Tristeza do Jeca - Tonico & Tinoco
11. Três Nascentes - João Pacífico
12. Jorginho do Sertão - Itaporanga e Itararé

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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Joelho de Porco - Saqueando a Cidade (1983)

Saqueando a Cidade! Fiquei surpreso quando me dei conta que justamente o disco que deu o nome ao blog não tinha ainda um post aqui... Pois aqui vai, então:
O Joelho de Porco surgiu em São Paulo em 1972, liderado por Tico Terpins (ex-guitarrista dos Baobás) e Próspero Albanese. Sempre irreverente e caçoador, em termos de atitude o grupo é considerado por alguns uma manifestação precoce do punk no Brasil, detentor de um autêntico "espírito de porco". Graças a isso, carregou durante muito tempo a fama de "banda de segunda". Não porque eram ruins, pelo contrário. Foram vítimas do preconceito ouvintes desatenciosos e incapazes de perceber que as músicas não são bregas, mas sim puro deboche!
Por outro lado, o tom humorístico da banda conquistou (e continua conquistando) uma legião de fãs fiéis ao longo dos anos, que disputam seus vinis e CDs. Além, é claro, de preparar o cenário para uma série de grupos que surgiriam nos anos 80 seguindo uma linha similar, tal qual o Língua de Trapo.
Enfim, feita a apresentação, vamos ao álbum: Saqueando a Cidade. O título explica bem o conteúdo, pois as faixas nada mais são do que uma grande salada de frutas de músicas, tudo aquilo de diferente que você consegue quando saqueia uma cidade. Desde duas versões roqueiras da clássica tarantella italiana "Funiculi Funiculá", variações resumidas de sucessos B, como "Dianna" e "Afrikaan Beat" a até tirações de sarro de temas de séries de TVs antigas, tais quais as aberturas "Bonanza" e "Vigilante Rodoviário" (do clássico da televisão nacional). Estão espalhadas aleatoriamente ao longo do disco algumas vinhetas, como "Hora de Dormir" e "Repórter Esso", dando um tom non-sense pro álbum como uma obra inteira. A faixa "Ue O Muite Aruokou" (canção de um seriado japonês...), por exemplo, vem introduzida por uma narração sobre o descobrimento da América e o impressionante espetáculo do moderno capitalismo que aconteceu em consequência. Ah, é: a explicação de tantas referências a televisão tá no fato de que o líder Tico Terpins fazia jingles pra ganhar a vida.
Mas o Saqueando traz também composições próprias do Joelho (que, aliás, encontrava-se em sua melhor formação: estrelando Billy Bond e Zé Rodrix!). "Home do Imposto de Renda" é um reggae bem enrolado que reclama dessa burocracia e bandalheira toda. Economia também é motivo crítica em "Vai Fundo" ("Vai fundo, monetário internacional"), que tem até a manha de caçoar abertamente de políticos da época ("Parece o carnaval de Veneza/Como diz o Montoro"). Ataques mais diretos ainda tão em "Telmo Martírio", quatro minutos e meio debochando do impiedoso crítico de música Telmo Martino. Além, é claro, de "Um Trem Passou Por Aqui", que conta a história de como o Rei Roberto Carlos conseguiu sua perna mecânica (apelidada aqui de "Margarida"). Meu, eles fizeram uma música pra tirar sarro do Roberto Carlos! Que coragem! Não perdoavam ninguém....
Ah, e não acabou por aqui. Tem ainda "Bom Dia São Paulo" (nº1 e nº2), dois Souls/Golspels cafonérrimos sobre a cidade! Além de "Rock do Relógio", um roquezinho bem-embalado (que o vocal do Zé e o órgãozinho deixam parecendo música do Sá, Rodrix & Guarabyra) e "Pé na Senzala", um funkzão pra dizer que "o samba não é mais uma música negra, deixando louca a crítica especializada". E, é claro, uma nova versão do clássico do Joelho de Porco, "Mardito Fiarpo de Manga", lançado originalmente no disco "São Paulo 1554-Hoje". Por fim, ainda vale citar "Noite de Natal", a hilária história de um católico que se apaixonou por uma judia, filha de Isaac Isaias. E, encaixada no fim, meio que como uma faixa-bônus, está "A Última Voz Do Brasil", canção com a qual a banda venceu o Festival dos Festivais da TV Globo de 1985.

Faixas:
1. Repórter Essso
2. Vai Fundo
3. Apache
4. Funiculi Funiculá
5. Noites de Moscow
6. Home do Imposto de Renda
7. Dianna
8. Mardito Fiarpo de Manga
9. Bom Dia São Paulo
10. Bonanza
11. Pé Na Senzala
12. Vigilante Rodoviário
13. Bom Dia São Paulo nº2
14. Rock do Relógio
15. Sons de Carrilhões
16. Funiculi Funiculá (Playback)
17. Ue O Muite Arukou
18. Telmo Martírio
19. Conjunto de Beira de Piscina de Filme Italiano
20. Afrikaan Beat
21. Noite de Natal
22. Um Trem Passou Por Aqui
23. Hora de Dormir
24. A Última Voz do Brasil [Bônus]

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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Itamar Assumpção & Banda Isca de Polícia - Beleléu, Leléu, Eu (1980)


Beleléu! Ilustríssimo artista e compositor, Itamar Assumpção é certamente um marco (talvez esquecido) da musica popular. Foi membro do movimento cultural da vanguarda paulista, conjuntamente com a seu amigo Arrigo Barnabé e outros músicos e compositores tais como os grupo Língua de Trapo e Joelho de Porco (que tem um álbum que, por “coincidência”, se chama “Saqueando a Cidade”!)
Como poucos artistas da era pós-Beatles, Itamar era dos que tinha menos destaque nos estúdios (independentes, por sinal) que nos palcos (fazia fama no teatro Lira Paulistana) e mesmo assim Itamar lançou 8 discos à venda em sua vida.
“Beleléu, Leléu, eu” foi a primeiro álbum de reconhecimento de Itamar, lançado em conjunto com a Banda Isca de Polícia. Neste ele interpreta crises e fases “Benedito João de Santos Silva Beleléu, vulgo Nego Dito”(letra de “Nego Dito”) um paulista comum, que só se interessa por futebol e briga com sua mulher, Luzia. Essa questão de trabalho sobre um tema remete muito a Arrigo Barnabé, em seu primoroso disco “Clara Crocodilo”.
O interessante desse álbum é que toda a faixa tem sua originalidade explícita, tanto num vocal sempre supremo, quanto numa banda pra lá de apropriada para todas as ocasiões, quanto nas letras provocativas e fases musicais. Encontram-se vocais femininos muito bacanas, mas incomparáveis a Itamar. Mesmo em gravações, a vivacidade que ele passava nos palcos ainda prevalecerá por um bom tempo.


Track list:
01-Vinheta (Itamar Assumpção)
02-Luzia (Itamar Assumpção)
03-Fon fin fan fin fun (Older Brigo - Itamar Assumpção)
04-Fico louco (Itamar Assumpção)
05-Aranha (Luiz A. Rondó - Neusa P. Freitas - Arrigo Barnabé)
06-Se eu fiz tudo (Márcio Werneck - Itamar Assumpção)
07-Vinheta (Itamar Assumpção)
08-Vinheta (Itamar Assumpção)
09-Baby (Itamar Assumpção)
10-Embalos (Itamar Assumpção)
11-Nega música (Itamar Assumpção)
12-Beijo na boca (Itamar Assumpção)
13-Nego Dito (Itamar Assumpção)

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terça-feira, 18 de agosto de 2009

Amsterdam Loeki Stardust Quartet - Die Virtuose Blockflöten (1985)

Piccolo, Sopranino, Soprano, Contralto, Tenor, Baixo, Grã-Baixo, Contrabaixo, Subcontrabaixo e Octocontrabaixo. Que me perdoe o colega Batista pela cópia descarada na introdução do texto, acontece que a família das flautas doces é um pouquinho mais extensa que a dos saxofones, e os quartetos baseados nesse instrumento datam de tempos medievais, onde era este o favorito dentre os compositores (e não pense que eu estou implicando com seu disco mineiro, os caras são sonzeira pacas!).
O Amsterdam Loeki Stardust Quartet se formou (não me diga!) na Holanda, no ano de 1975 e consiste de (vamos lá, adivinhem) quatro virtuoses em sopro medieval, mestres em todo tipo de flauta. Logo, é de se esperar que as harmonias vindas desse disco possuam desde o grave mais potente já emitido por um instrumento de madeira (e convenhamos, as flautas mais graves são colossais! Algumas medem até 2,5 metros de altura!) até o mais belo som agudo proveniente de flautins de menos de meio palmo de comprimento. Com um repertório baseado única e exclusivamente em peças clássicas escritas por compositores familiazirados com o instrumento (Vivaldi, Locke, Frescobaldi etc.), o disco não deixa a desejar, afinal de contas, quando juntas, as flautas possuem um potencial e beleza impressionantes.
Muito provavelmente, alguns de meus leitores já torceram o nariz. "Música clássica? Flautas Doces?", tenho certeza absoluta que algum infeliz pensou isso enquanto lia o texto. Pois saibam, caros amigos, que este instrumento, hoje desvalorizado por ser utilizado na musicalização infantil, não serve só para tocar "O Soldadinho" e "Mary Tinha Um Carneirinho". Há um potencial pouquíssimo explorado nos dias de hoje, infelizmente. Então, hora de vencer os preconceitos e clicar no botão "Baixar" lá embaixo.

Tirem ótimo proveito.

Faixas:

1. Istampita 'Tre Fontane' (Anon)
2. Ricercar del secondo tuono (G.P.d. Palestrina)
3. Canzon Prima (G. Frescobaldi)
4. Canzon 'La Lusignuola' (T. Merula)
5 ~ 7. Concerto per flautino in C maj (A. Vivaldi)
8~11. Suite No. 5 in G min (M. Locke)
12. In Nomine (Gibbons)
13. Recercar 'Bonny Sweet Robin' (Thomas Simpson)
14. Report upon 'When Shall my Sorrowful Sighing Slake' (J. Black)
15. The Temporiser (R. Johnson)
16. Sermone blando (W. Byrd)

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Minasax - Quarteto de Saxofones (1997)


Soprano, Alto, Tenor e Barítono. Cá entre nós, um quarteto de saxofones não é algo que se ouve todos os dias. Esse álbum é dos primeiros de quartetos de sax no Brasil. Composto de músicos condecorados, o Minasax é um grupo muito peculiar: o encontro de mineiros que tocavam um repertório eclético: Tom Jobim, Dorival Caymmi, frevo, temas nordestinos.
Os instrumentos se cruzam muito alinhados, e essa integração cria belas harmonias e melodias inacreditáveis. Quanto à “funções” dentro dos temas, há uma alternância de papéis que quebra a monotonia que poderia ter sido criada em algum momento. As claras etapas musicais e a simplicidade tornam essa obra única no universo de quartetos, pois cada um parece entender seu lugar nessa ocasião.
A versatilidade também é um aspecto a ser citado: O conjunto consegue dar cara nova as musicas apresentadas, e colocando nelas sentimento e paixão, de maneira suave e apropriada para a ocasião. Além do mais, consegue achar temas nordestinos, que coloca em modo de “suite” nas últimas 5 faixas do álbum.
Afinal, não é todo dia que se vê quatro mineiros tocando música nordestina.
Track list:

1- Mojave (Antonio Carlos Jobim)
2- Upa neguinho (Edu Lobo e Gian Francesco Guarnieri)
3- Tango N° 1 (Edson Rodríguez)
4- Odeon (Ernesto Nazareth)
5- Cantos nordestinos (Gilberto Gagliardi)
6- Solfejando (Altamiro Carrilho)
7- Mata burro (Wagner Tiso)
8- San Vicente (Milton Nascimento e Fernando Brant)
9- Insensatez (Antonio Carlos Jobim e Vinícius de Moraes)
10- Remechendo (Radamés Gnattali)
11- Luiz, eça é pra você (Gilson Peranzzetta)
12- Melancólico (Gilberto Gagliardi)
13- Vatapá / Requebre que eu dou um doce (Dorival Caymmi)
14-18. Suíte - Temas nordestinos (José Urcisino da Silva-Duda)
Bruno - côco
Melissa - serenata
Gilmacy - valsa
Rafael - desafio
Lucinha no frevo

Fábio - LSD: Lindo Sonho Delirante (1968)

Nascido no Paraguai em 1946, Juan Senón Rolon naturalizou-se brasileiro ainda nos anos 60 e adotou o nome de Fábio. Em sua carreira como músico no Brasil gravou cerca de 23 discos, incluindo parcerias com Tim Maia (de quem era amigo pessoal), além de uma série de vinhetas para a TV. É lembrado principalmente pelo seu hit "Estella", do começo dos anos 70.
Este compacto aqui ele gravou no fim da década de 60 e com o tempo foi esquecido, se tornando uma das maiores raridades do rock brasileiro. Polêmico desde seu lançamento, traz no lado A "Lindo Sonho Delirante", referência explícita (pô, veio até abreviado na capa, só podia tar de sacanagem...) ao ácido lisérgico e no B, "Reloginho", um roquezinho interessante.
Mas ó, pra falar a verdade, a graça da primeira faixa de longe não tá na letra, que não só fala da droga como também da geração da época ("O pentágono não sabe/Que agora é hora de amor"). O mais bacana da música é de longe o ritmo bem embalado, capaz de chacoalhar qualquer esqueleto. É um puta Soul sacudido com umas pitadas de Funk! Bom pra explicar a amizade do Fábio com o Tim Maia.
Quanto ao lado B, vale dizer que lembra algumas músicas da Jovem Guarda. Sabe, daquelas de amor meio baratas do Roberto Carlos? Pois é. Mas não se engane, pois LSD compensa.

Lado A:
Lindo Sonho Delirante

Lado B:
Reloginho

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(Link retirado do Brazilian Nuggets)

domingo, 16 de agosto de 2009

The Chocolate Watchband - No Way Out (1967)

No Way Out! Lançado dois anos depois do formação da banda, em 67, o álbum de estréia do Chocolate Watchband obteve sucesso imediato na cena local. Misturando Rock, Blues e Soul com uma bela dose de psicodelia e experimentação, tinham impresso em seu som parte do espírito daquela juventude que andava pela Califórnia na época.
O conjunto foi redescoberto lá pros anos 90, em coletâneas como Nuggets e com o advento da internet, vindo a ganhar, assim, a fama de "grupo de garagem". Bobagem. Quase injustiça. Eram tão populares na época que ainda no mesmo ano do lançamento deste disco, estrelaram o filme "Riot On Sunset Strip" (sobre os insurreições de jovens contrários à guerra do Vietnã em São Francisco), ao lado dos The Standells.
Quanto ao álbum, vale destacar algumas faixas, como os hits "Are You Gonna Be There? (At The Love-In" e "Let's Talk About Girls" (puro R&B, nos anos 80 foi regravada pelo grupo punk The Undertones), a versão de "In The Midnight Hour" clássico de Wilson Pickett (assumindo a influência do Soul) e pérolas como "Come On", "No Way Out", a belíssima instrumental "Expo 2000"... Ah, é daqueles discos que todas as músicas são boas, sabe?
Guitarras, órgãos vox, cítaras, blues, ácido e muito embalo fazem de No Way Out uma jóia de seu tempo. Só ouvindo pra entender.

Tracklist:
1. Let's Talk About Girls
2. In the Midnight Hour
3. Come On
4. Dark Side Of The Mushroom
5. Hot Dusty Roads
6. Are You Gonna Be There (At The Love-In)
7. Gone and Passes By
8. No Way Out
9. Expo 2000
10. Gossamer Wings
11. In the Midnight Hour [Previously Unissued Version]
12. Milk Cow Blues
13. Psychedelic Trip [Previously Unissued Version]

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Arnaldo Baptista - Disco Voador (1987)



Inclassificável. Esse disco é raríssimo, definitivamente um "Disco-Voador", seja pela sua raridade, seja uma excentricidade absurda colocada nas letras.
Esse álbum foi lançado em edição limitada- só para fãs e experts- e foi considerado para Arnaldo uma experiência “terapêutica”. É uma boa representação do mundo musical de Arnaldo, e conseqüentemente sua visão de mundo na época em que esse foi lançado. Anteriormente, ele fora internado no setor psiquiátrico de um Hospital em São Paulo, e essa é de suas primeiras experimentações musicais desde então.
Produção caseira ao extremo, de um homem só. Majoritariamente as faixas tem letras excêntricas e bateria elétrica de teclado, orgão no caso. Como inovação, Arnaldo faz gravação da “Balada de Louco” em duas outras línguas, o inglês (“Crazy One’s Ballad”) e o francês (“Le Foulle Balad”), no entanto é difícil entender o que ele diz devido a má qualidade da gravação.
Só nesse álbum se encontra Baptista contando sobre carros e viagens (“Rodas”), seu amor por Maria Lucia (“Maria Lucia”) ou assuntos quaisquer e sem nexo (“Eu”).
Certamente uma experiência inesquecível, aberta a "interpretações".

Track list:

1. Eu
2. Rodas
3. Crazy-One's Ballad
4. Traduções
5. Ovni
6. Maria Lucia
7. Jesus Volte Até a Terra
8. Le Foulle Balad
9. I Wanna To Take Off Every Morning

Zé da Flauta & Paulo Rafael - Caruá (1980)

Ex-flautista e pifarista do Quinteto Violado, Zé da Flauta se destaca dos outros músicos nordestinos não só por sua seriedade, mas por sua técnica incomparável. Paulo Rafael é, junto com o artista supracitado, um dos principais responsáveis pela qualidade musical das obras do aclamado Alceu Valença. Qual seria o resultado da união dessas duas personalidades musicais? Certamente, música para nossos ouvidos! Ok, agora pense que, além desses dois, participam do disco o gênio Lula Côrtes (criador das pérolas psicodélicas Paêbirú e Satwa), Lenine e ainda Luciano Pimentel (baterista do já citado Quinteto Violado). É, meu caro leitor, é isso mesmo que você está pensando. Música de excelente qualidade.
Essencialmente instrumental (com uma exceção, a buliçosa "Zé Piaba", uma das primeiras obras vocais de Lenine), o disco investe na tradicionalidade da musica nordestina mesclada com o acid-rock e o progressivo europeus (não há como não perceber, por exemplo, as influências de Robert Fripp nas guitarras de Rafael). Não há como não se animar com músicas como "Sai uma Mista", ou até mesmo relaxar ouvindo "Tema da Batalha".
Pérola, assim como a maioria das obras do Udigrudi nordestino, Caruá é um disco único, que vale a pena ser ouvido e divulgado. Afinal de contas, música séria tem que ser encarada com seriedade!

Faixas:
1. Sai uma Mista
2. Rebimbela da Parafuseta
3. Baião da Barca
4. Ponto de Partida
5. Tema da Batalha
6. Fora de Órbia
7. Entardecer
8. Zé Piaba
9. Gôta Serena

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Grace Slick & The Great Society - Collector's Item (1965/1971)


Poucos sabem, mas antes de entrar para o famoso grupo Jefferson Airplane, a tchuqui-tchuqui ex-modelo Grace Slick participou de um outro projeto musical, igualmente lisérgico e melódico, o Great Society. A banda, composta por Slick, seu marido Derby, seu cunhado Jerry e outros membros menos conhecidos cujo nome só vale ser citado: Jean Piersol, Bard Dupont, Peter Van der Gelder e Oscar Daniels.
O disco aqui postado é uma reunião de gravações ao vivo feitas pelo grupo durante sua curta existência (1965-1966). Trata-se de um som leve, agradável, inovador (para a época, evidentemente) e apaixonante. Certamente, não há ouvinte que não se perca nos uivados de Grace em "Sally Go Round The Roses", quem não viaje no baixo potente de "Father Bruce", no solo de flauta doce Contralto de Slick em "Nature Boy" (cover excelente da original de Nat King Cole) ou ainda nas gravações originais de "White Rabbit" e "Somebody To Love" (é, sinto informar-lhes que não só a autoria dessas canções não pertence ao Airplane como o Great Society as excecuta 10 vezes melhor).
Melódico, hipnotizante e doce, Slick & The Great Society foi um grupo que, infelizmente, para nossos ouvidos, se dissolveu muito precocemente. Como consolo, escutemos esse álbum pelo menos 30 vezes ao dia. Limpa a alma, acreditem!

Faixas:
1. Sally Go Round The Roses
2. Didn't Think So
3. Grimly Forming
4. Somebody To Love
5. Father Bruce
6. Outlaw Blues
7. Often As I May
8. Arbitration
9. White Rabbit
10. That's How It Is
11. Darkly Smiling
12. Nature Boy
13. You Can't Cry
14. Daydream Nightmare
15. Everybody Knows
16. Born To Be Burned
17. Father

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terça-feira, 11 de agosto de 2009

[Sublime Frequencies 001] Folk And Pop Sounds Of Sumatra - Vol. 1 (1989)

A Sublime Frequencies é um grupo de pesquisadores sediado em Seattle cujo principal objetivo é desenterrar e divulgar expressões musicais genuinas de culturas de regiões exóticas do globo. Música folclórica, tradicional, popular, colagens de rádio... Qualquer tipo de manifestação sonora que revele algo sobre a riqueza cultural dos povos desses lugares interessa pros caras.
Este álbum aqui é o primeiro de uma série de muitos (49, até agora - incluindo alguns volumes em LP e outros em DVD) e se dedica unicamente à Sumatra. Sim, pop e folk direto da Sumatra! Muito interessante mesmo, mas aonde raios fica isso?
A Sumatra (ou Samatra) é a sexta maior ilha do mundo. Situa-se no sudeste asiático e hoje seu território pertence inteiramente a Indonésia. A população local é composta por uma série de grupos étnicos distintos e lá são falados cerca de 50 idiomas diferentes. Diversidade não falta.
As faixas presentes nesta compilação foram retiradas de fitas cassetes coletadas na ilha em 1989, variando entre a música tradicional ("Sitigol" é o melhor momento do álbum) e a pop, que apresenta claros elementos da influência americana, tal como o uso de instrumentos elétricos. Porém, de modo geral, todas (descontando as da cantora Samsimar) são carregadas de emoções intensas. Destaque para a melancólica Sri Mersing e a (aparentemente) romântica Borungku Si Derita.
O disco é, sem dúvidas, um artefato raro. E interessante. Muito bom do ponto de vista antropológico (eu disse antropológico).

Faixas:
1. Sitigol #1 - Haba Haba Group
2. (desconhecido)
3. Borungku Si Derita - Mario's Group
4. Siti Payung - Pimp Rubiah
5. Indang Pariaman - Samsimar
6. Piso Somalim #1 - Unknown Drama
7. Sri Mersing - Pimp Rubiah
8. Bapikek Balam - Samsimar
9. Piso Somalim #2 - Unknown Drama
10. Sitigol #2 - Haba Haba Group

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(Link retirado do Chocoreve... Ou seja, a senha para o .rar é "posted_first_at_chocoreve")

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Fred Katz - Folk Songs for Far Out Folk (1959)


Este álbum é espetacular. Fred Katz se mostrou único no campo musical instrumental. E assim permanece. Além de um compositor espetacular, se mostrou um arranjador fora de série.
Fred Katz sempre teve um amor pelo novo na musica, tanto que é considerado o pioneiro do violoncelo no Jazz. Sempre buscou inovação em seu som, procurando instrumentos alternativos para encaixar nos temas em que trabalha, deixando assim suas composições e arranjos com ar de novíssimos, muito contemporâneos.
A pesquisa de Fred Katz quanto à esse álbum é genial, escolhendo poucos temas Norte-Americanos (como “Sometimes I Feel Like a Motherless Child”) e abrindo espaço para um novo mundo de musica pouco reconhecida. Encaixam-se nesse CD temas tanto de origem/ influência africana como hebraica.
Quanto aos recursos musicais, mostra uma versatilidade incrível. Na faixa“Mate’ka”, por exemplo, temos solos de percussão e uma “Big Band” que foge completamente do conceito popular desse termo, mas mesmo assim se adapta à faixa. Em faixas como “Old Paint” encontramos um jazz mais padrão, mas com muito sentimento, mesmo assim. Em “Rav’s Nigun”, um tema de origem/influência hebraica, temos um belíssimo diálogo entre diversos instrumentos de sopro, e alternância entre eles. Em outras faixas, descobre-se outras coisas diversas, como harmonias instáveis, interação musica-pessoas, melodias intensas, entre outras.
Muita expressão, conceito e inovação. Espetacular.
Tracklist:
1. Mate'ka
2. Sometimes I Feel Like a Motherless Child
3. Been in the Pen So Long
4. Chili'lo (Lament)
5. Rav's Nigun
6. Old Paint
7. Manthi-Ki
8. Baal Shem Tov
9. Foggy, Foggy Dew

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