terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Lula Côrtes e Zé Ramalho - Paêbirú: O Caminho da Montanha do Sol (1975)

Diz a lenda que uma entidade mística chamada Sumé guiou os indios para dentro do Brasil e deixou sua sabedoria impressa em trilhas e pedras. A mais famosa dessas trilhas é Paêbirú, ou Caminho da Montanha do Sol e é situada na Paraíba, perto da Pedra do Ingá, monumento místico supostamente erguido pela entidade indígena.
Os jovens músicos Lula Côrtes e Zé Ramalho conheceram a história e se encantaram por ela. Passaram dias nas redondezas da pedra e buscaram inspiração para o que viria a ser o melhor disco já produzido em terras brasileiras. Ainda eram iniciantes no ramo da música e não tinham reconhecimento nenhum de público, mas tinham seus contatos. Se uniram a Alceu Valença, Paulo Rafael, Zé da Flauta e muitos outros para se trancar durante outros muitos dias no estúdio e extrair o Nirvana recém-obtido de suas mentes e materializá-lo em forma de LP duplo. O resultado não poderia ser mais maravilhoso. Os quatro lados desta obra prima, cada um com o nome de um elemento da natureza são, com certeza absoluta, precisosos e insuperáveis.
Terra abre o disco com uma mistura impressionante de instrumentações na suíte "Trilha de Sumé/Culto à Terra/Balaiado das Musicarias". É relativamente longa. Possui 13 minutos e é recheada de efeitos, sopros, cordas pesadas e percussão exótica. O lado Ar assume um caráter mais suave. Os instrumentos de sopro predominam aqui e ao fundo é possível ouvir conversas, ruídos e gargalhadas, como demonstra o instrumental "Harpa dos Ares". "Não Existe Molhado Igual ao Pranto" e "Omm" são faixas praticamente transcedentais, com vocais muitíssimo bem arranjados.
Fogo, como é de se esperar, mostra o lado rockeiro da dupla. Guitarras, órgãos, baixos pesados e percussão ágil estão em evidência. "Raga dos Raios", um instrumental de 2 minutos e meio, foi considerada pela crítica a melhor peça de guitarra fuzz já feita no país, enquanto "Nas Paredes da Pedra Encantada, Os Segredos Talhados Por Sumé" abraça o progressivo influencidado pela psicodelia americana e pelo King Crimson durante 7 excitantes minutos. Fechando essa face, "Máscaras de Fogo", uma espécie de ritual denso com linhas de baixo absurdamente pesadas. O lado Água é mais sereno. No fundo das músicas, pode-se ouvir o som de água corrente misturada a gêneros musicais típicos do nordeste. "Louvação à Iemanjá" não precisa de descrição, seu título a define. "Beira Mar" e "Sumé" são dois instrumentais com destaque para a viola caipira, realmente muito belos. "Pedra Templo Animal", por sua vez, é uma faixa vocal tanto quanto emocionante.
Infelizmente, esse disco é raro e caro. Uma noite após a gravação, uma enchente destuiu as fitas master do álbum, de modo que só sobrassem 300 cópias, estas que estavam nas mãos da esposa de Lula Côrtes. Hoje em dia, o vinil é avaliado em R$ 5000,00, sendo, deste modo, o disco mais caro da música popular brasileira (desbancando aquele primeiro do Rei Roberto, "Louco Por Você"). Uma pena, porque é cultura jogada, literalmente, rio abaixo. De qualquer modo, é a melhor coisa que você, leitor, pode ouvir nos dias de hoje.
E viva a psicodelia! Viva o Brasil! Viva o Saqueando!
E feliz ano novo para todos!l

Faixas:
1. Trilha de Sumé/Culto à Terra/Balaiado das Musicarias
2. Harpa dos Ares
3. Não Existe Molhado Igual Ao Pranto
4. Omm
5. Raga Dos Raios
6. Nas Paredes da Pedra Encantada, Os Segredos Talhados Por Sumé
7. Máscaras de Fogo
8. Louvação à Iemanjá
9. Beira Mar
10. Pedra Templo Animal
11. Trilha de Sumé

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Atomic Rooster - Atomic Ro-o-oster (1970)

O Atomic Rooster já foi citado aqui no Saqueando. Lembram-se daquela banda super bacana, The Crazy World Of Arthur Brown? Pois bem, eles não duraram muito tempo e se dissolveram no ano seguinte à sua formação, para desgosto geral. Felizmente, os virtuoses Carl Palmer e Vincent Crane (bateria e teclas, respectivamente), logo após o término da banda, se reencontraram por acaso num avião que partia de Nova Iorque para Londres e, durante o vôo, conversaram e decidiram juntar suas forças num novo projeto.
Uniram-se a eles o guitarrista John Cann e o baixista e flautista Nick Graham para formar o Atomic Rooster. À primeira vista, nota-se uma certa semelhança com o estilo do Crazy World, afinal de contas, o organista, responsável pelos deliciosos e alucinantes riffs de Hammond, é o mesmo. Acontece que os camaradas aí resolveram inovar um pouco e ir na linha das recém-nascidas bandas de progressivo, como o King Crimson e o Procol Harum. Assim, apesar do estilo ser manjado, trata-se de uma sonzeira nova e inesperada.
O primeiro álbum do grupo, Atomic Ro-o-oster, abre com "Friday The 13th", referência à data de formação da banda, com explosivos e contagiantes riffs de órgão. Como um contraponto, temos "Broken Wings" e "Banstead" como baladas mais relaxantes, mas ainda assim bem intensas.
"Winter" é a faixa mais longa do álbum, e também a mais bela. Serena e envolvente, destaca-se pelas belas frases de flauta. Outra música que vale a pena citar é "Decline And Fall", orgãozeira instrumental pura e crua, lembrando bastantes os interlúdios instrumentais de Arthur Brown.
É um bom disco para começar uma introdução ao rock progressivo, graças ao seu caráter mais leve e menos... maçante em relação ao resto do estilo. Infelizmente, o Atomic Rooster não manteve essa formação por muito tempo, graças à partida do batera Carl Palmer para o supergrupo progressivo Emerson, Lake & Palmer. Tristeza para o galo, felicidade para os fãs. De qualquer jeito, vale bastante pelo trabalho de estréia. Sonzeira certificada!

Faixas:
1. Friday The 13th
2. And So To Bed
3. Winter
4. Decline And Fall
5. Banstead
6. S.L.Y.
7. Broken Wings
8. Before Tomorrow
9. Friday The 13th (US Version)
10. Before Tomorrow (US Version)
11. S.L.Y. (US Version)
12. Friday The 13th (BBC Radio 1970)
13. Seven Lonely Streets (BBC Radio 1970)

Quem quiser baixar o disco, que procure pelo link nos comentários.

Sweet Smoke - Just a Poke (1970)

Olha, fiquei meio que sem palavras pra esse disco da primeira vez que eu o ouvi. Primeiramente porque se trata de um disco interessantíssimo, de musicalização bela e elaborada, difícil de definir. Posso citar influências óbvias, mas dizer o que é isso é bem complicado.
O Sweet Smoke surgiu no fim da década de 60. Eram alguns jovens que gostavam de rock e jazz e queriam misturar os dois ritmos num só, enquanto lançavam um contraponto aos hippies americanos. O jazz fusion já existia, seria bem pouco original da parte deles seguir essa onda. E existiria solução melhor que incrementar o som com um groove bem bacana do funk negro? Ah, meus caros, mas é claro! Acrescentar a isso as raízes do folk norte-americano! Coisa demais? Não, ainda falta a psicodelia sessentista que todos aqui amamos. E o resultado? Sweet Smoke, simplesmente. Uma banda bacana e um disco maravilhoso com uma capa porreta.
Alguns dizem que o tempero define o sabor da carne. Pode ser um fato, mas se a carne não for de qualidade, o prato continua sendo um lixo. Não é possível imaginar nenhum detalhe aqui presente num diferente conjunto. Tudo se encaixa perfeitamente, como aquele quebra-cabeça de 2000 peças que você, caro leitor, está tentando montar na mesa da sala de jantar há três meses. A obra final é de sentir orgulho!
O disco só tem duas faixas, suítes épicas de 16 minutos, ambas de arrancar lágrimas dos olhos. "Baby Night" é um resumo da magia que a música era para os membros da banda e para seus ouvintes. As belas flautas na introdução, o baixo alucinante e a cantoria à Jethro Tull merecem destaque. "Silly Sally" tem uma pegada mais jazzeira, mas não perde a originalidade. Aliás, os solos longos aqui chegam a lembrar um pouco o Iron Butterfly, só pra cês verem a variedade de estilos que cabem num só long play.
Enfim, são 32 minutos dignos de serem gastos com a audição dessa maravilha aqui. Além do mais, gostaria de ressaltar que a capa dessa budega é uma verdadeira obra de arte! É arte visual e auditiva, meus amigos!

Faixas:
1. Baby Night
2. Silly Sally

(link nos comentários, camaradas!)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Madeira de Vento - Chovendo Canivetes (2003)




Depois do Minasax e do Amsterdam Loeki Stardust Quartet, é a vez do quinteto de clarinetistas Madeira de Vento aparecer por aqui, embora com atraso em relação aos posts dos meus colegas Batista e Bonel. Com quatro clarinetes e um clarone, o grupo iniciou seu estudo pela produção musical do instrumento no Brasil no ano 2000, e de certa maneira essa pesquisa se apresenta como um tributo aos grandes clarinetistas do país, como Paulo Moura, Luís Americano, entre muitos outros. O resultado desse trabalho é o único disco Chovendo Canivetes, lançado em 2003, que além dos músicos João Francisco Correia, Fernando de Oliveira, Michel Moraes, Mário Marques e Otinildo Pacheco, tem também a participação do grupo de choro paulistano Isaías e seus Chorões, Paulo Sérgio Santos e Naylor “Proveta” Azevedo, consagrados clarinetistas.
O álbum não é simplesmente uma coletânea de choros tocada por instrumentistas exímios – pois todos os cinco músicos principais são excelentes – mas é uma sequência de melodias agradáveis, que só pelo repertório não poderia ficar monótona. Nas faixas, os clarinetes fazem música erudita conversar com chorinho, trazendo elementos alegres a um instrumento que por natureza combina com composições melancólicas. A sétima faixa, por exemplo, Tributo a K-Ximbinho: Ternura/Catita/Sempre, começa apenas com os sopros, e aos poucos entram as cordas, dando lugar à percussão depois da metade da faixa, quando muda a melodia. O homenageado no caso é clarinetista, saxofonista e maestro Sebastião de Barros (K-Ximbinho), compositor das três músicas da faixa, cuja produção é principalmente dos anos 50 e 60. 
Chovendo Canivetes é, desse modo, um recorte de composições que construíram uma das identidades da música brasileira executadas cuidadosamente por ótimos músicos. 

Faixas:
1. Estes são outros quinhentos (Luís Americano)
2. Caindo das Nuvens (Nabor Pires Camargo)
3. Nenê (Domingos Pecci)
4. Murmurando (Otaviano Romero; Mário Rossi)
5. Chorando no Choro (Antonio Porto Filho)
6. Chorinho da Tula (Pedro Silveira Neto)
7. Tributo a K-Ximbinho; Ternura/Catita/Sempre (Sebastião de Barros)
8. Um chorinho pra você (Severino Araújo)
9. Domingo no Orfeão Portugal (Paulo Moura)
10. Pedrinho no Coreto (Naylor Azevedo)
11. Chorando Baixinho (Abel Ferreira)
12. Chovendo Canivetes (Hudson Nogueira)
13. Impressões Brasileiras (Fernando de Oliveira)



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The Sacred Mushroom - The Sacred Mushroom (1969)

A história começa nos EUA, no final dos anos 60. Um grupo de amigos alugou uma casa em Cincinnati, e esta rapidamente se tornou o lar de uma espécie comunidade de hippies que ganhou o apelido de "The Mushroom People". Como já se podia esperar, não tardou e em torno dessa comunidade surgiu uma banda. O nome dessa banda é The Sacred Mushroom.
Assim como muitos conjuntos de rock dos anos 60, idéia inicial do grupo era fazer Blues. Porém, o produto final que se vê neste único disco, de 1969, é um rock psicodélico com a cabeça no hard-rock dos anos 70 e os pés fincados no Blues tradicional. Um som muito bom, e muito bem feito (a qualidade é impressionante pruma coisa tão underground...).
As 8 faixas do álbum possuem um aspecto parecido, porém isso não o torna enjoativo, uma vez que todas são bem embaladas e envolventes. Não há música neste disco que se jogue fora, seja composição original dos Mushrooms ou versão (nessa segunda categoria entram duas: "Mean Old World", do John Mayall's Bluesbreakers e "I'm Not Like Everybody Else", do Kinks). Das originais, vale dar destaque às agitadas e eletrizantes "I Don't Like You", "You Won't Be Sorry" e à bluezeira "All Good Things Must Have An End". "Lifeline" é outra pérola, que encerra o disco em grande estilo.
Enfim, aqui está o The Sacred Mushroom. É fantástico, mas é, infelizmente, o único álbum que a banda gravou.
(Aos que ficaram interessados em mais material: há um tempo o guitarrista Larry Goshorn e o vocalista Danny se reuniram, na dupla de blues Goshorn Brothers, tendo gravado dois discos: "True Story", em 1994, e "Life", em 2001.)

Faixas:
1. I Don't Like You
2. You Won't Be Sorry
3. Catatonic Lover
4. All Good Things Must Have An End
5. I'm Not Like Everybody Else
6. I Take Care
7. Lifeline

O link pra baixar tá nos comentários (link in comments).

sábado, 26 de dezembro de 2009

The Bonniwell Music Machine - Ignition (1965-1969)

O Music Machine surgiu em 1966, em Los Angeles. Marcadas por um estilo sombrio, duro e pesado, mas envolvente e embalante, suas músicas eram dominadas por guitarras com fuzz e órgãos farfisa. Ao longo de sua existência, a banda teve duas músicas que atingiram o status de hit ("Talk Talk" e "The People In Me") e lançou dois discos ("Turn On", de 1966 e "Beyond The Garage", de 1967). Um terceiro álbum foi gravado em 1969, porém não chegou a ser lançado e no mesmo ano a banda se dissolveu.
Anos depois, em 2000, a Sundazed reuniu as músicas que estariam nesse disco fracassado com outras do grupo que jamais haviam sido lançadas (entre elas estão até algumas do The Raggamuffins, a banda-embrião que deu origem ao Music Machine) e lançou "Ignition", o tão sonhado 'terceiro álbum'. Este trazia uma série de músicas interessantes, como "Advise And Consent", "Chances" e "Talk Me Down", além de canções com um ar diferente das demais do Music Machine, como "This Should Make You Happy" e "King Mixer".
Enfim... "Ignition" é uma preciosidade imperdível para qualquer um que tenha interesse pela obra do Bonniwell, e também um disco muito interessante para os 'não-iniciados'. Vale a pena ouvir isso, garanto. O Music Machine é, com certeza, a melhor banda de rock de garagem dos anos 60.

Faixas:
1. Everything Is Everything
2. Two Much
3. Advise and Consent
4. This Should Make You Happy
5. Black Snow
6. Chances
7. Mother Nature, Father Earth
8. Talk Me Down
9. Dark White
10. Push Don't Pull
11. Smoke and Water
12. King Mixer
13. Unca Tinka Ty
14. Citizen Fear
15. Worry [Instrumental]
16. Worry [Vocal Version]
17. Tell Me What Ya Got
18. Point of No Return
19. 902


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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Strangers Family Band - EP (2009)



O que a internet não faz, não é, minha gente? Imaginem só isso, que engraçado. Eu, em pleno natal, resolvo abrir minha Last.FM e descubro uma mensagem de uma simpática banda falando sobre o Saqueando e me pedindo uma pequena escutada em seu EP gratuito. Eles não são famosos e começaram há pouco, mas tem um som bem interessante pros dias de hoje.
A primeira coisa que me veio à cabeça ao ouvir esse disco e ver os seus encartes foi uma mistura de Seeds com Strawberry Alarm Clock e 13th Floor Elevators. Não duvido que os caras não tenham sido influenciados por esses gênios do movimento psicodélico, é bem provável que sim. E isso é um dos pontos interessantes na sonzeira dessa banda, mas devo frisar que não é o mais importante. O que seria, então? A originalidade da instrumentação. Faz tempo que procuro algo com essas características e que seja dessa década.
Felicidades! Nesse natal eu achei o que procurava. A loucura magna do Strangers Family Band está no fato das músicas estarem divinamente temperadas por metais, aerofones, teclas e um maravilhoso teremim, responsável por misteriosos e poderosos riffs. É de se esperar, portanto, que seja algo, no mínimo, interessante de se ouvir. São sons lisérgicos, criativos e muitíssimo bem elaborados.
Apesar de ser 100% bacana, devo destacar, no entanto, "Girl I've Been Taken" (música obscura e delirante à Elevators), "Strange Transmission"(faixa exótica, tanto quanto indiana e com um quê de progressiva) e "Beware The Autumn People", divertido encerramento para o disco.
É uma sonzeira bacana, acho que vale a pena dar uma escutada, afinal de contas, bandas assim você não encontra hoje em dia.
Considerem isso um presente, minha gente! Feliz Natal!

Faixas:
1. Enochian
2. Girl I've Been Taken
3. Wooden Hands
4. No One Sees Her
5. Strange Transmission
6. Tangerine
7. Beware The Autumn People

Para baixar o disco, entre AQUI e clique em "download album". Esse é um link fornecido pela própria banda, então creio eu que é de grande ajuda baixar o disco por aqui.
Aproveitem!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Gordurinha - Gordurinha Tá Na Praça (1960)

Nascido na Bahia, o compositor e humorista Waldeck Artur Macedo (apelidado de "Gordurinha" por amigos por causa de sua magreza) fez fama ao longo dos anos 50 e 60 como músico e apresentador de programas de rádio. Imortalizou-se por sua parceria com Almira Castilho, o samba "Chiclete Com Banana", que, em 1959, na voz de Jackson do Pandeiro virou sucesso. A canção pregava de maneira bem-humorada a antropofagia e miscigenação em oposição à imposição dos padrões da música norte-americana ("Eu só boto o bebop no meu samba quando o Tio Sam tocar um tamborim").
Em 1960, Gordurinha lançou "Gordurinha Tá Na Praça". O álbum reunia uma série de interpretações suas de músicas de sua própria autoria, todas divertidas e debochadas. A primeira faixa, "Baiano Burro Garanto Que Nasce Morto", assim como "Baianada", é um canto do povo baiano em defesa das zoações preconceituosas do Sudeste. "Como baiano ilustre, venho protestar contra essa falta de respeito! Não está direito, carioca se misturar com paulista e dizer que baiano sobe em qualquer dia de chuva pra ver como entra água no côco!", grita o comediante Mário Tubinambá na introdução da canção.
Além dessas, o disco traz outras músicas interessantes, como o baião "Tenente Bezerra", sobre o tenente que esqueceu como se atira depois que aprendeu a xaxar, o "Mambo da Cantareira", crítica ao transporte público da época ("vou aprender a nadar!") e o samba "Sorvete Com Gelo", sobre a nêga que ficou 'prujidicada' depois que comeu sorvete com gelo.
Enfim, é isso. Bem-humorado, gozador e gostoso de ouvir, "Gordurinha Tá Na Praça" é um álbum muito bom... Que agora, além de tar na praça, tá no Saqueando também.

Faixas:
1. Baiano Burro Nasce Morto
2. Qual é o Pó?
3. Um Conto e Um Canudo
4. Sorvete Com Gelo
5. Oito da Conceição
6. Deixe Pra Mim
7. Baianada
8. A Cadeia da Vila
9. Chiclete Com Banana
10. Tenente Bezerra
11. Mambo da Cantareira
12. Vendedor de Carangueijo

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domingo, 20 de dezembro de 2009

Jards Macalé - Jards Macalé (1972)

Jards Macalé é o gênio oculto do tropicalismo. Sua mistura sempre inusitada de gêneros muitas vezes antagônicos resultou num estilo inclassificável e característico. Macalé sempre foi um sujeito criativo, e isso se reflete em cada trabalho seu.
Ativo desde 1969, nunca conseguiu atingir sucesso comercial considerável. Isso é explicável, todavida. Suas músicas, apesar de serem geniais, apresentavam um caráter que poucos puderam compreender naquela época de ditadura. Jards era um homem à frente de seu tempo.
Em 1972, lançou seu primeiro trabalho, um disco solo. Trata-se de uma obra rica e heterogênea. A faixa de abertura, uma espécie de balada experimental anti-rock, "Farinha do Desprezo", é uma composição complicada, com letras densas. "Revendo Amigos", ao contrário da música anterior, já tem um ritmo mais solto, animado, lembrando inclusive a forrozeiras de Luiz Gonzaga. Suas letras excessivamente libertárias e anárquicas foram censuradas pelo governo ao menos 12 vezes antes que a música pudesse ir de algum modo parar nas rádios. "Let's Play That" é uma sonzeira bem louca sobre uma visita de um anjo para Jards. É interessante parar para prestar atenção na letra dessa aqui, que diz "vai bicho/desafiar o coro dos contentes". Macalé com certeza o fez, e a excentricidade da obra reflete essa idéia. "Mal Secreto", uma faixa tanto quanto similar à acima citada é uma amostra interessantíssima das características mais marcantes do músico.
Temos, ainda, uma versão meio suicida do roquenrou "Farrapo Humano", de Luiz Melodia, emendada num sambão tropicalista, esse de Gilberto Gil, "A Morte". Vale ainda prestar atenção na esfomeada "Meu Amor Me Agarra & Geme & Treme & Chora & Mata", na romântica e bem-ritmada "78 Rotações" (a letra dessa aqui é fantástica! Só mesmo um freak que nem o Macalé pra se afirmar um "Long-love devagar quase parando em 78 por segundo rotações") e na
deprimente "Movimento dos Barcos", uma das favoritas dos fiéis fãs de Macalé.
Além da incapacidade popular de compreender um disco tão bacana como esse, também outro fator impossibilitou-o de conseguir consagração nacional: a tiragem pouca, que fez com que poucas cópias fossem vendidas e o disco saísse logo de catálogo.
Uma pena, porque é um disco legal. Vale a pena dar uma ouvida, principalmente se você for um simpatizante do movimento tropicalista. Ou se você gostar de sonzeiras mais exóticas.
Ou não, quer saber? Ouvir isso aí é bacana. Gostar é outra história.

Faixas:
01. Farinha do Desprezo
02. Revendo Amigos
03. Mal Secreto
04. 78 Rotações
05. Movimento dos Barcos
06. Meu Amor me Agarra & Geme & Treme & Chora & Mata
07. Let's Play That
08. Farrapo Humano/A Morte
09. Hotel das Estrelas


(link nos comentários, pessoal!)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Harmonica Blues (Great Harmonica Performances Of The 1920's And The 30's)

"Harmonica Blues" é, como explica o subtítulo, uma seleção de perfomances brilhantes de gaitistas de Blues americanos entre 1926 e 1939. É um disco que chama atenção de cara, não só pela idade das gravações, mas também pela bela capa, desenho inconfundível do cartunista Robert Crumb (admirador assumido de um bom Blues).
O conteúdo do álbum não nega a boa imagem que a capa cria. As 14 faixas são pérolas de um Blues mais primitivo, mais ligado às raízes africanas e à cultura dos escravos norte-americanos. São blues baseadas no vocal e na gaita, que por ser um instrumento portátil e compacto se popularizou rapidamente entre os trabalhadores negros nos EUA.
Os intérpretes desta coletânea revelam um domínio impressionante da harmônica, tocando com técnicas e velocidades supreendentes (leve em conta que é 1920... portanto são as primeiras gravações de blues com gaita do mundo!). Não é à toa que outros instrumentos como piano, violão e baixo, apareçam nestas músicas quase sempre só como acompanhamento. Ou simplesmente não apareçam, como é o caso de "Railroad Blues" e "Friday Moan Blues", duas faixas sensacionais só com gaita e vocal.
Bom, além do que já escrevi, só restam outros elogios ao disco. Não vou me prolongar mais, então. Agora cabe a quem se interessou ouví-lo.

1. Railroad Blues - Freeman Stowers (1929)
2. Crazy About You - State Street Boys (1935)
3. Wang Wang Harmonica Blues - Carver Boys (1929)
4. My Driving Wheel - Lee Brown (1939)
5. Bay Rum Blues - Ashley & Foster (1933)
6. I'm Going To Write And Tell Mother - Robert Hill (1936)
7. Blowin' The Blues - Chuck Darling (1930)
8. Harmonica Rag - Chuck Darling (1930)
9. Man Trouble Blues - Jaybird Coleman (1930)
10. I Want You By My Side - Jazz Gillum (1936)
11. Friday Moan Blues - Alfred Lewis (1930)
12. House Snake Blues - Chicken Wilson & Skeeter Hinton (1928)
13. Need More Blues - Bobby Leecan & Robert Coocksey (1926)
14. Davidson County Blues - DeFord Baley (1928)

(baixe pelo link nos comentários)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

[Sublime Frequencies 007] Radio Morocco (1983)

O Sublime Frequencies é um coletivo de pesquisadores cujo objetivo é buscar e divulgar expressões musicais genuinas de culturas de regiões exóticas do globo (exóticas aos olhos das grandes gravadoras, pelo menos). Atualmente o grupo já conta com 51 coletâneas lançadas, tanto em CD quanto em DVD e LP, cada uma explorando os sons de um canto do planeta. Aqui no Saqueando já postamos uma delas, inteiramente dedicada ao Folk e Pop da Sumatra.
Este álbum, por sua vez, é diferente da maioria das demais compilações do Sublime Frequencies. Radio Morocco não é uma coletânea de músicas populares de Marrocos, mas sim de colagens de trechos gravados de estações de rádio em Marrocos. Portanto, cada faixa do disco é formada por vários pedaços de músicas colocados em sequência. Isso, por um lado, é uma experimentação interessante, que nos permite conhecer uma variedade maior de canções marroquinas. Porém, por outro, compromete toda a graça de ouvir o álbum (não dá pra ouvir uma música inteira sem interrupções!).
Quanto ao conteúdo do disco, basta dizer que é fantástico. Apesar de não dar pra curtir todas as músicas do começo ao fim, os trechos aqui presentes são sensacionais. Tudo quanto é música nativa que tocava nas rádios marroquinas em 1983, tanto coisas tradicionais quanto coisas que pendem mais pro lado do Rock e do eletrônico.

"The Moroccans are deep contributors to the high art of Arabic music. May this disc download into your mind as an anti-virus. It worked for me. I don't even remember THRILLER by Michael Jackson. [que era hit mundial em 1983]", escreveu o organizador desta coletânea no site do Sublime Frequencies.

Faixas:
1. Radio Tangier Internationale
2. Quartertone Winds
3. Radio Chechaouen
4. Chante du Tamri
5. Radio Fes
6. Medina of Sound
7. Radio Marrakesh
8. Color of Frequency
9. Radio Essaouira

Baixe pelo link nos comentários.

Count Five - Psychotic Reaction (1966)

O Count Five surgiu em San Jose, na Califórnia, em 1964. Influenciados por bandas da invasão britânica, tais quais o Yardbirds e o The Who, os cinco rapazes faziam um rock garageiro e psicodélico, numa linha parecida com a do Standells. O grupo obteve relativo sucesso com o hit "Psychotic Reaction", de 1966. No mesmo ano, conseguiu lançar seu único álbum de estúdio. Eis aqui ele.
O disco é bom, apesar de as faixas manterem um clima parecido do começo ao fim, o que pode vir a ser entediante quando se pretende ouvi-lo de cabo a rabo duma vez só. Algumas músicas merecem destaque, como a versão pré-punk de "My Generation" (que perde muito da atitude da original), a embalada "Out In The Street", a romântica "She's Fine" e a elétrica "Double Decker Bus". A faixa-título é, sem dúvidas, a maior preciosidade da obra.
Nos anos seguintes ao lançamento do álbum, o Count Five gravou mais alguns singles e apresentou-se em shows (eram famosos por usarem capas de vampiro nas apresentações ao vivo), até a separação em 1969. Em 1987, o grupo se reuniu e fez uma apresentação ao vivo que rendeu o disco "Psychotic Reunion Live".
O hit "Psychotic Reaction" foi regravado por várias outras bandas, tanto na própria década de 60 quanto depois, tendo ganhado há alguns anos uma versão em português pelos Garotas Suecas, intitulada "Caminho de Dor".
Enfim, Count Five é um clássico do rock de garagem americano dos anos 60, e este é o único disco deles. Se você se interessa pelo gênero, tá aqui um disco legal pra ouvir.

Faixas:
1. Double Decker Bus
2. Pretty Big Mouth
3. The World
4. My Generation
5. She's Fine
6. Psychotic Reaction
7. Peace Of Mind
8. They're Gonna Get You
9. The Morning After
10. Can't Get Your Lovin'
11. Out In The Street
12. Contrask

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sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Sadao Watanabe - Remembrance (1999)


Pensando aqui, Sadao Watanabe é um exemplo de como o jazz se tornou reconhecido mundialmente. Não por ele ser japonês, mas sim pelas influencias desse sujeito. Ele certamente tem influências de diversas vertentes do jazz, qual a bossa nova e o bop.
Nascido no Império do Sol Nascente, Sadao estudou lá musica por muito tempo. A carreira dele ficou principalmente pelo Japão, mas a musica dele acontece em todos os cantos. Essa carreira começou a ser mais reconhecida em 1953 quando Sadao ingressou na banda de Toshiko Akiyosh, a qual liderou após 1956.
Ao passar de sua carreira solo, Sadao lançou diversos discos, cada vez mais aderindo algo novo, ou incorporando novos ambientes. Tocou por todas as bandas como, por exemplo, com Chick Corea em New York (1970) ou com George Benson em Montreaux (1986).
Seu último disco, “Remembrance”, foi lançado em 1999. Nele encontra-se talvez o auge da experiência de Sadao. Há, ainda, muito espaço para o resto da banda, coisa rara no caso de quando há um membro muito bom (percebe-se muito isso na última faixa do disco, “Smokin Área”). Encontra-se portanto a experiência de um ótimo saxofonista fundida com a versatilidade musical devido a todos músicos terem espaço. E tudo isso projetado em temas muito bem escolhidos. Dou destaque a “Aquarian Groove” e a “Remembrance”, ambas com muita expressão.
È legal.

Faixas:

1. Smokin' Area
2. Where You At
3. Dim Blue
4. Forest Song
5. Remembrance
6. Closed Door
7. Aquarian Groove
8. Times Up
9. See What Happens
10. Going Back Home

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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dick Dale & His Del-Tones - King Of The Surf Guitar: The Best Of Dick Dale & His Del-Tones (1960-1989)

O surf-music é um estilo musical que nasceu nos EUA no começo dos anos 60, tendo como base o blues, o country e as primeiras manifestações de rock and roll, provenientes de artistas como Chuck Berry e Elvis Presley. Apesar de predominantemente instrumental, o gênero possuia ritmo mais balançante, as músicas animadas em tempo 4/4 e guitarras ágeis e destacadas, todas estas características que serviram de base para o rock se consolidar. Logo, os surfistas americanos não faziam pouca merda não! Foram eles que criaram as raízes para o que viria a se tornar o estilo musical mais famoso e mais ouvido na face da terra.
Dick Dale foi um dos pioneiros no gênero. Desde 1960, junto com seu grupo, os Del-Tones, o guitarrista já trabalhava em músicas maravilhosas que vieram a se tornar grandes sucessos, como é o clássico da peça tradicional grega "Misirlou", que virou inclusive tema de abertura do filme Pulp Fiction (aliás, cuja trilha sonora é um resgate precioso do surf rock). A coletânea King Of Surf Guitar, lançada em fins da década de 80, resgata os maiores feitos do grupo e junta-os num disco bem bacana.
É uma sonzeira que agrada aos ouvidos. Tem um ritmo bem dançante, perfeito pra festas de twist (ah, se isso ainda existisse!). Dentre as faixas escolhidas, constam alguns dos maiores êxitos dos Del-Tones, incluindo "Misirlou". Se destacam também "Riders In The Sky", "Let's Go Trippin'", "Surf Beat", "Banzai Washout" e "Tidal Wave". Deve-se prestar atenção na releitura do clássico hebraico "Hava Nagila", que ficou realmente bem interessante quando misturado às guitarras e saxofones praianos de Dick Dale.
Há também faixas vocais dignas de um surfista da Califórnia, como "Mr. Peppermint Man" e "King Of The Surf Guitar", todas elas seguindo o mesmo naipe de agito sessentista! Pode cansar um pouco, mas é um disco bem gostoso de se ouvir, vale a pena dar uma conferida, nem que seja pra dar uma escutada ocasional de uma faixa ou outra.
Afinal, o balanço do mar também é música!

Faixas:
1. Let’s Go Trippin’
2. Shake ‘N’ Stomp
3. Misirlou
4. Mr. Peppermint Man
5. Surf Beat
6. Take It Off
7. King Of The Surf Guitar
8. Hava Nagilal
9. Riders in the Sky
10. The Wedge
11. Night Rider
12. Mr. Eliminator
13. The Victor
14. Taco Wagon
15. Tidal Wave
16. Banzai Washout
17. One Double One Oh!
18. Pipeline

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quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Bola de Nieve - Life is To Whistle (2000)


Ignácio Fernandez, vulgo Bola de Nieve, já tinha influências musicais desde sempre. Cresceu ouvindo de tudo, principalmente musica do folclore cubano, e já cedo começou a estudar musica. Tornou-se um baita pianista e saiu tocando por ai, mesmo sofrendo muito preconceito devido a sua homossexualidade e ao fato de ser negro.
“Life is To Whistle” (em espanhol: La Vida es Silbar) foi um filme dirigido por Fernando Pérez. A musica desse foi de Bola de Nieve, mesmo ele estando com as botas batidas, e então Bola ficou ainda mais aclamado por todo o mundo (há quem diz, inclusive, que a musica do filme elevou este a categoria de clássico). Então foi montado um CD para esse ilustre pianista, com todas as faixas remasterizadas.
Esse disco aqui diz muito como Bola tocava. Com apenas vocal e piano do próprio, vê-se brincadeiras com tom e volume musicais sempre bem apropriados e coerentes com o ritmo, letra e emoção. Bola sabia, portanto, engrandecer todo o sentimento da musica. Para ver um pouco dessas brincadeiras, sugiro as faixas “Ay Amor”, “Julian Monsieus” e principalmente “La Flor de La Canela”.
Olha, faltava musica cubana por aqui. Bola de Nieve, apesar de morto, não mexe apenas seus compatriotas.

Faixas:
1. Chiva Qué Rompe Tambo
2. No Puedo Ser Feliz
3. Ay Amor
4. Vete de Mí
5. La Flor de la Canela
6. Si Me Pudieras Querer
7. Tu Me Has De Querer
8. No Dejes Qué Te Olvide
9. No Quiero Qué Me Olivides
10. Por Qué Me La Dejaste Querer
11. Alma Mía
12. No Niegues Qué me Quisiste
13. Ausencia
14. Tu No Sospechas
15. Drume Negrita
16. Julián Monsieus
17. Monasterio Santa Hiare


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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Jackson do Pandeiro - O Cabra da Peste (1966)

“Costumo sempre dizer que o Gonzagão é o Pelé da música e o Jackson, o Garrincha.”
- Alceu Valença
Jackson do Pandeiro foi um alagoano que fez muito sucesso ao lado de Luiz Gonzaga tocando, principalmente, forró e samba. Até hoje, ele é considerado o Rei do Ritmo, e esse título não é a toa. Jackson morreu no começo dos anos 80, já tendo lançado 30 LPs. Caminhou por meio de varias gravadoras em sua carreira, sendo algumas delas: Chantecler/Alvorada, Philips e Continental.
Uma peculiaridade da carreira do Rei do Ritmo é que a maioria de seus “sucessos” populares foram lançados nos anos 50, mas seus disco são majoritariamente dos anos 60. Isso pode ser explicado, talvez, pela tendência de Jackson em se tornar intérprete ro resto de sua carreira.
Em 1966, lançou o álbum “O Cabra da Peste”. Este foi o primeiro e único lançado pela gravadora Continental e tem muita diversão no som e nas letras. Mesmo sendo predominantemente intérprete neste álbum, Jackson é criativo à beça, tendo sempre uma bela linha em sua voz, e muita coerência com o arranjo. Esse disco representa muito bem esse exímio ritmista porque (deixando de lado toques e influencias) é de forró e samba, percebidos, por exemplo, pelas faixas “Forró Quentinho” e “Capoeira Mata Um”. Na faixa “Vou Sambalançar” de composição própria desse rei, é bem caracterizada sua energia e a beleza de seu som.

Faixas:
1- Capoeira mata um
2- Tá roendo
3- A ordem é samba
4- Pinicapeu
5- Forró quentinho
6- Bodocongó
7- Secretária do diabo
8- Vou sambalançar
9- Alegria do vaqueiro
10- Forró do Biá
11- Papai vai de trem

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Pebbles: Original 60's Punk & Psych Classics (Vol. 1)

O Pebbles é mais uma das muitas coletâneas de bandas obscuras de rock psicodélico de garagem da segunda metade da década de 60. Seu diferencial está no fato de que foi uma das primeiras compilações do gênero (lançada lá pro fim dos anos 70, só perde pra consagradíssima série "Nuggets", de 1972, considerada a 'bíblia do rock de garagem') e no de ser, com certeza, uma das mais extensas, consistindo numa série de 28 volumes em LP.
Em termos de conteúdo, porém, o Pebbles é uma coletânea como outra qualquer. O primeiro volume (este álbum) traz consigo várias bandas que atingiram sucesso apenas em escala regional nos EUA durante os anos 60, em geral sendo conhecidas só dentro de seu estado de origem, e apenas por um determinado hit. As músicas seguem, em geral, um estilo parecido, que o título da coletânea define como "60's Punk & Psych", um rock sujo e duro, mais primitivo, ligado às raízes do blues, cheio de distorções, mas que não perde o tom da sua década. Alguns críticos gostam de taxar o gênero como "pré-punk", ou "rock de garagem".
Entre as faixas do álbum, vale dar destaque a algumas, como a clássica "No Friend Of Mine", do The Sparkles (que ganhou um monte de regravações ao longo dos anos 60); "1-2-5", o sucesso do grupo canadense The Haunted; "The Trip", o convite do afetado Kim Fowley a uma viagem alucinante; "Potato Chip", do Shadows Of Knight; a versão roqueira do The Soup Greens para "Like A Rolling Stone" e a do Positevely 13'O Clock para "Psychotic Reaction". O disco se encerra com uma versão da mesma música com a qual abre, porém numa interpretação do grupo new wave Echo & The Bunnymen, revelando aí uma influência das bandas do pós-punk pelas do pré-punk.

Faixas:
1. Action Woman - The Litter
2. Who Do You Love - The Preachers
3. Dance Franny Dance - The Floyd Dakil Combo
4. I'm In Pittsburgh (And It's Raining) - The Outcasts
5. Goin' Away Baby - The Grains Of Sand
6. You Treat Me Bad - The Jujus
7. 1-2-5 [Single Version] - The Haunted
8. Like A Rolling Stone -The Soup Green
9. Psychotic Reaction - Positevely 13'O Clock
10. The Trip - Kim Fowley
11. Spazz - The Elastik Band
12. Rich With Nothing - The Split Ends
13. Thanks For Buying Our Album - The Shadows Of Knight
14. Potato Chip - The Shadows Of Knight
15. Beaver Patrol - Wild Knights
16. No Friend Of Mine - The Sparkles
17. Blackour Of Gretely - Gonn
18. It's Your Time - The Weeds
19. Action Woman - Echo & The Bunnymen

Baixar (observação: peguei o link lá do chocoreve, portanto a senha do .rar é posted_first_at_chocoreve)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Joelho de Porco - Porcos (1973)

O Joelho de Porco surgiu em São Paulo no ano de 1972, liderado pelo baixista Tico Terpins (ex-guitarrista do Os Baobás) e o bateirista Próspero Albanese. No final da década de 70, a banda se consagraria como o principal, e talvez o primeiro, grupo de Rock (ou, pelo menos, com postura roqueira) a fazer uma música cômica e caçoadora, inaugurando um estilo que viria a ser seguido por vários outros conjuntos no começo dos anos 80, em especial alguns da Vanguarda Paulista, tal qual o Língua de Trapo (de quem eram amigos pessoais, diga-se de passagem) e o Premê.
Entretanto, pouco se conhece da carreira do Joelho antes do lançamento de seu primeiro álbum, "São Paulo 1554-Hoje", de 1976. Ao longo deste período obscuro, o grupo fez uma série de shows, mas o material gravado é escasso. Resta, porém, este compacto simples, o primeiro e único que a banda lançou, de 1973, produzido pelo mutante Arnaldo Batista.
O lado A traz o divertido rockzão "Se Você Vai de Xaxado, Eu Vou de Rock'n'Roll", com uma letra aparentemente nonsense ("Anticonstutucionalicimamente/Bangue-bangue humanamente impossível"). A canção veio a ser reaproveitada no segundo álbum da banda, intitulado "Joelho de Porco" (composto por quase apenas covers de músicas deles mesmos), se tornando, com alterações aqui e ali (na letra, principalmente), "Rio de Janeiro City".
O lado B, traz a dramática "Fly America", espécie de homenagem ao continente e à aviação, com a participação do produtor Arnaldo Baptista nos sintetizadores.

Enfim, uma observação final: na capa está escrito o nome "Porcos", mas é usual que se refiram ao disco pelo nome das faixas (que julguei muito comprido pra colocar no título do post), "Se Você Vai de Xaxado, Eu Vou de Rock'n'Roll/Fly America".

Lado A:
Se Você Vai de Xaxado, Eu Vou de Rock'n'Roll

Lado B:
Fly America

domingo, 6 de dezembro de 2009

Patife Band - Corredor Polonês (1987)

Nos anos 70, Paulo Barnabé trabalhava junto a Itamar Assumpção como compositor e arranjador. Estudava e compunha de diversas maneiras, com muita influencia da atonanidade. Estudou, inclusive, com um dos mestres da musica atonal internacional: o alemão Karlheinz Stockhausen. No começo dos anos 80, enquanto seu irmão, Arrigo Barnabé, lançava “Tubarões Voadores”, ele decidiu seguir uma linha mais própria. Surgiu então a Patife Band.
Com um punk rock meio atonal e dodecafônico, a Patife Band tinha influência do passado de Paulo Barnabé com Arrigo e Itamar Assumpção. O grupo sempre se caracterizou por musicar cenas ou ambientes conflitantes, além de usar paródias.
O grupo surgiu no movimento da Vanguarda Paulista, em meio a grupos qual Língua de Trapo ou Joelho de Porco. A banda fazia, na época, um som que não se comparava a nenhum outro, com bons elementos de composição musical e lírica. O conjunto foi lançado pelo selo Lira Paulistana, e voltou à ativa recentemente. Atualmente eles fazem shows, mas com a formação diferente, com um saxofonista e um sujeito que meche no sintetizador.
Em 1985, o grupo lançou seu primeiro disco, “Patife Band”. Este ficou famoso por sua paródia da musica “Tijolinho”, de Wagner Benatti, e pela versão originalíssima de “Noite Feliz”, famosa musica natalina. Entretanto, nessa primeira experiência o caráter dodecafônico e atonal não ficou tão estagnado, devido talvez ao ofuscamento que as engraçadas gozações dele traziam.
Já no segundo álbum, chamado ”Corredor Polonês”, o aspecto diferencial da banda ficou evidenciado: o dodecafônico e/ou o atonal encaixados na irreverência e atitude do punk. Nesse novo projeto apareceram novas faixas e novas versões do antigo disco da Banda, como “Pesadelo” ou “Pregador Maldito”. Havia ainda brincadeiras com outros gêneros e ritmos musicais, percebidas, por exemplo, nas faixas “Vida de Operário” ou “Três por Quatro”.
Olha, é um disco formidável, vale a pena dar uma escutada.

Faixas:
01. Corredor Polonês
02. Pesadelo
03. Chapeuzinho Vermelho (Lil' Red Riding Hood)
04. Tô Tenso
05. Poema em Linha Reta
06. Teu Bem
07. Três por Quatro
08. Pregador Maldito
09. Vida de Operário
10. Maria Louca


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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sociedade da Grã-Ordem Kavernista - Sessão Das Dez (1971)

Em 1969, o então desconhecido Raul Seixas deixou a Bahia, abandonando sua fracassada banda Raulzito & os Panteras, para ir trabalhar no Rio como produtor fonográfico na gravadora CBS, com a tarefa de cuidar de discos de artistas populares da época. Na cidade maravilhosa o artista acabou conhecendo outras três figuras anárquicas dos arredores da gravadora: Miriam Batucada, Edy Star e Sérgio Sampaio. Juntos, os quatro formam a Sociedade da Grã-Ordem Kavernista e, às escondidas, num momento em que a gravadora bobeou, invadiram um estúdio e gravaram o tal do "maior espetáculo da terra": Sessão das Dez.
Lançado em 1971, o disco foi um fracasso em termos de público e crítica. A CBS logo tratou de retirar as poucas cópias do mercado, alegando que a obra não se encaixava na linha atuação da gravadora. Alguns meses depois, Raul foi demitido, indo trabalhar depois para a RCA Victor.
De qualquer forma, Sessão das Dez sobreviveu ao tempo e, quarenta anos depois, podemos ter a graça de escutá-lo novamente. Um misto da psicodelia de "Freak Out" do Zappa e da antropofagia dos Mutantes e da Tropicália no Brasil, o disco é sensacional. Deve se levar em conta que foi gravado por quatro bicho-grilos descompromissados em plena transição dos anos 60 para os 70, de forma que a obra é completamente irreverente, anárquica e debochada.
De modo geral, as letras transitam entre televisões a prestação, garotas propaganda, idas ao cinema, e uma certa saudade do interior, o que reflete um conflito pessoal do próprio Raul da época, recém-chegado do interior "inocente, puro e besta" na metrópole que é o Rio de Janeiro.
"Êta Vida" abre o disco num ritmo festeiro e carnavalesco, e na sequência vem a faixa-título "Sessão das Dez", uma seresta romântica e dramática que os Kavernistas intitulam "nossa homenagem aos boêmios da velha guarda". Em seguida, uma vinheta com um diálogo aparentemente sem sentido. O disco é inteiro cheio de vinhetas, aparentemente disconexas, parecido com o que o Joelho de Porco fez, uma década depois, no álbum "Saqueando a Cidade".
A terceira faixa, "Eu Vou Botar Pra Ferver", com um quê de frevo, samba e rock, é puro desbunde, um verdadeiro carnaval tropicalista. A música seguinte, "Eu Acho Graça", é introduzida por uma conversa de telefone sensacional ("Alô, aí é o Jorginho Maneiro? É verdade que agora você é hippie?", "Podes crêr!"). No auge da empolgação do disco, temos "Quero Ir", em que os Kavernistas fazem sua homagem a eles mesmos, num coro dizendo "viva nós!". A letra fala do artista louco pra retornar pra sua terra, pra Bahia, pra Cachoeiro de Itapemirim (cidade natal de Roberto Carlos).
"Soul Tabaroa" é o bicho-grilo dançando seu Soul Musics num xaxado e "Todo Mundo Está Feliz" é a crítica ao Rock bobo e comportado. "Eu Não Quero Dizer Nada" é a típica música romântica, porém, em que o cantor, na ausência de adjetivos melhores, admite que a amada é "tão legal"! O terrível "Dr. Pacheco", o 'herói dos dias úteis', é o pior inimigo dos Kavernistas: o homem engravatado, de olho no dinheiro.
O disco termina com o som de uma descarga na última faixa, mandando toda essa zona (merda?) pro ralo.

1. Eta Vida
2. Sessão das Dez
3. Eu Vou Botar Pra Ferver
4. Eu Acho Graça
5. Chorinho Inconsequente
6. Quero Ir
7. Soul Tabarôa
8. Todo Mundo Está Feliz
9. Aos Trancos E Barrancos
10. Eu Não Quero Dizer Nada
11. Dr. Pacheco
12. Finale

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segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Língua de Trapo - Como É Bom Ser Punk (1985)

"Atenção, isto é uma gravação", avisa uma narração no começo do disco "Como é Bom Ser Punk", do Língua de Trapo. O alerta, além de esclarecer o detalhe óbvio pro ouvinte que ainda não tinha se tocado, já revela o tom bem-humorado das músicas que virão a seguir.
A primeira faixa, "Fraude", soa como uma música fraca pra dançar dos anos 80, porém com uma letra crítica ("Não quero saber de cabelos/Estou mais preocupado é com a minha cabeça")... Até um pouco autocrítica, na verdade ("Eu sou um imbecil/Um cretino, um mentacapito/Ah eu sou um idiota"). Ou talvez não seja crítica coisa nenhuma, seja tudo puro deboche, uma grande fraude mesmo.
É uma dúvida que sempre fica ao se ouvir Língua de Trapo. O conjunto, formado no começo dos anos 80, figura, ao lado de grupos como o Premeditando o Breque e o Isca de Polícia, como um dos mais importantes do movimento da Vanguarda Paulista, que embalou a juventude paulistana no periodo pós-ditadura. Seguia uma linha parecida com aquela que o Joelho de Porco inaugurara alguns anos antes, encontrando motivo pra tirar sarro em tudo, transitando entre vários estilos de música, mas sem nunca perder a gozação e a crítica.
Esse estilo gozador pode ser percebido na segunda faixa, "Donos do Mundo", uma música circense infantilóide que poderia muito bem ser o tema de abertura do programa da Xuxa, se não fosse pela letra ("Balão é o cacete/Nós queremos é dinheiro"). Em seguida, vem "Deusdéti", canção que, com um quê de sertanejo, é o canto de um militante de esquerda frustrado em seu dilema de escolher entre o partido bolchevique e a namorada burguesa. "Country os Brancos", numa pegada de trilha de filme de faroeste, conta a história do caubói que, ao invés de ir matar índios no Arizona, anda armado à serviço da Funai.
O "Samba Enredo da TRP" zomba abertamente da organização ultra-reacionária TFP (Tradição, Família e Propriedade). "E hoje, sou fascista na avenida/Minha história mais querida/Dos reaça nacional", diz a letra, em meio a 'anauês' e elogios à Santa Inquisição, ao Nazi-Fascismo, à Monarquia e à Ditadura Militar.
A melancólica faixa-título "Como é Bom Ser Punk" tira sarro do espírito de porco sujo do movimento punk, descrevendo a emoção que é a de sentir-se um maloqueiro. Em seguida, a clássica "Os Metaleiros Também Amam", que o Iron Maiden só não fez um cover ainda porque o vocalista não fala português, conta a trágica história do metaleiro que se apaixonou por uma gótica no show do AC/DC, lá no Rock in Rio ("Eu quero mais é que ela vá pra Marrakesh/E que por aqui não mais retorne/Pra eu curtir em paz meu Ozzy Osbourne").
"Força do Pensamento" é hilária, "Coquetel Beneficiente" ri da "high-society" e "Um Brasileiro Em Paris" você só vai entender se falar francês. "A Vingança do Hipocondríaco" é um divertidíssimo samba à lá Moreira da Silva com nomes de doenças e "Conspurcália" fala da nojeira que é a comida que consumimos ("Corantes acidulante, gases aromatizantes/Mamãe prepara a merenda com muito carinho/E assim ela encomenda a gastrite do filhinho"). O disco termina lá embaixo com "Amor À Vista", de todas, a faixa mais fraca, sobre a opção de se prostituir pra conseguir sobreviver nesses tempos de crise...
Enfim, mas de modo geral o disco é muito bom, além de muito engraçado (talvez valha até mais como obra de humor do que como obra musical). Recomendadíssimo pelos saqueadores de cidade. De qualquer forma, não deixo de avisar: é tudo só uma gravação.

Faixas:
1. Fraude
2. Donos Do Mundo
3. Deusdéti
4. Country Os Brancos
5. Samba Enredo Da T.R.P.
6. Como É Bom Ser Punk
7. Os Metaleiros também Amam
8. Força Do Pensamento
9. Coquetel Beneficente
10. Um Brasileiro Em Paris
11. A Vingança Do Hipocondríaco
12. Conspurcália
13. Amor À Vista

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Moreira, Bezerra & Dicró - Os 3 Malandros In Concert (1995)

Moreira da Silva, Bezerra da Silva e Dicró. Três malandros, todos eles "sangue bom da música popular". O primeiro é o mestre do samba de breque. O segundo é praticamente o criador do partido alto. O terceiro defende as raízes do pagode. Muitíssimo bem humorados, resolvem se reunir e fazer um espetáculo para satirizar os Três Tenores, Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras. O resultado não poderia ser melhor. O trio da malandragem abre o show no municipal quebrando cristais com suas vozes agudas, representando boleros e, ainda tirando um sarro impiedoso dos seus "rivais" europeus. Nas palavras do trio, "estou desafiando na minha área só quem pode, quero ver Pavarotti, Domingo e Carreras cantando um pagode!". Tudo isso com breques acompanhados de música clássica! Os sujeitos realmente são uns fanfarrões!

Como ninguém é de ferro, o sarro tem um limite. Após quatro músicas satirizando os tenores, o núcleo da malandragem resolve recitar alguns de seus maiores sucessos (destaque para Morengueira com 93 anos representando sua bem-humorada "Na Subida do Morro", com direito à famosa morte slow-motion do vargulino que bate na sua nega), infelizmente não em trios, mas individualmente ou em duplas. Ainda assim, o bom-humor continua ao longo do disco, especialmente nos diálogos entre os malandros, que exalam o temperamento quente dos latinos.
O espetáculo vale a pena para os apreciadores dum bom samba e de uma bela sátira. Infelizmente, o disco não fez tanto sucesso quanto seu rival "3 Tenors In Concert", mas é uma pérola a ser apreciada.
Pessoalmente, prefiro os três malandros, ouié!



Faixas:
1. O Recital
2. Os Três Pagodeiros Do Rio
3. Ópera Do Morro
4. 3 Malandros In Concert
5. Ressuscita Ele
6. Chave De Cadeia
7. Malandro Não Vacila
8. O Político
9. Na Subida Do Morro
10. Dava Dois
11. Lugar Macabro
12. Jogando Com O Capeta
13. Rua Da Amargura

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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Tim Buckley - Goodbye And Hello (1967)

Antes de tudo, gostaria de deixar bem claro que este magnífico álbum não tem absolutamente nada a ver com a música "Hello Goodbye" dos Beatles. Para falar a verdade, o som psico-barroco de Tim Buckley foi um grande marco para a história da música popular americana, tanto por causa das características trovadorísticas do jovem intérprete quanto pela originalidade de suas canções (Buckley é, na opinião deste humilde redator, um dos mais inspirados compositores de sua geração, vencendo até de Bob Dylan e Nick Drake). Para ser mais ousado, atrevo-me a dizer que os Beatles sequer chegariam perto de gravar uma obra deste nível de criatividade no ano de 1967.
Goodbye And Hello, como já foi anteriormente explicado, tem suas influências medievais e barrocas. Buckley abusa da fantasia circense na hipnotizante valsa "Carnival Song", leva a loucura e o abandono ao extremo em "Hallucinations" e lança àsperas críticas à sua mulher e expressa sua saudade pelo filho Jeff (sim, Jeff Buckley, aquele sujeitinho meio cult lá que morreu afogado, lembram dele? Então, o cara é bom mas o pai dele é melhor) em "I Never Asked To Be Your Mountain".
Não posso desconsiderar, é claro, a faixa de abertura "No Man Can Find The War", hino de protesto contra a guerra do Vietnã, uma das mais belas e contagiantes músicas do álbum inteiro. "Goodbye And Hello", peça-título, é um épico acompanhado de instrumentação medieval, realmente hipnotizante e em alguns pontos emocionante. "Phantasmagoria In Two", "Pleasant Street" e "Once I Was" revelam o lado mais rockeiro de Buckley, sem esquecer, é claro, do tempero psicodélico que dá a elas um gosto incrível. O disco encerra em grande estilo com a pacífica "Morning Glory" (não confundir com a do Oasis, por favor), balada excelente para uma bela seção de relaxamento.
É um disco fantástico, pouco valorizado pelo popular, mas que vale a pena ser apreciado.

Faixas:
1. No Man Can Find The War
2. Carnival Song
3. Pleasant Street
4. Hallucinations
5. I Never Asked To Be Your Mountain
6. Once I Was
7. Phantasmagoria In Two
8. Knight-Errant
9. Goodbye And Hello
10. Morning Glory

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segunda-feira, 7 de setembro de 2009

King Crimson - Beat (1982)

Lançado em 1982, Beat é um álbum diferente da maioria dos outros da discografia do King Crimson. Na década de 80, os tempos áureos da banda (vai, do In The Court, de 69, a até o Red, de 74) já haviam há muito ficado pra trás, assim como quase toda a formação original (só restando o líder, Robert Fripp). Este disco aqui se encaixa numa fase que é, não à toa, desprezada pelos fãs de progressivo, na qual o conjunto adquiriu em certos aspectos um tom mais pop.
Sugiro, portanto, que para a audição deste álbum, você se desapegue de qualquer preconceito bobo de fã chato de prog-rock. Injustamente discriminado, Beat é na verdade uma puta obra. Nele, a banda faz sua homenagem aos Beatniks, a geração de escritores que abalou os EUA no fim dos anos 50, se tornando referência para, mais tarde, outros movimentos contraculturais, tais quais o Hippie e o Punk.
Abre direto com a embalada e envolvente "Neal and Jack and Me", a viagem do Crimson com Jack Kerouac e Neal Cassady pelas estradas americanas. Em seguida vem enrolada e bem marcada "Heartbeat", o "hit" do disco, que ficou 57º lugar na Billboard em 1982. "Satori in Tangier" (remetendo ao livro "Satori In Paris" de Kerouac) é o auge do disco, que já declina com "Waiting Man", melhorando um pouco em "Neurotica" e encerrando com estilo em "The Howler" (referência ao poema "Howl" de Allen Ginsberg).
No fim das contas acaba sendo, apesar de subestimado, um disco bom. Pra fãs do King Crimson, pra interessados na geração Beat, pra apreciadores de boa música de modo geral, mas não pra chatos do rock progressivo. Enfim, problema deles.

Faixas:
1. Neal and Jack and Me
2. Heartbeat
3. Sartori in Tangier
4. Waiting Man
5. Neurotica
6. Two Hands
7. Requiem
8. The Howler

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domingo, 6 de setembro de 2009

The Crazy World Of Arthur Brown - The Crazy World Of Arthur Brown (1968)

Chamas infernais, explosões dinâmicas, mares incandescentes e... dinheiro? Sim, o mundo de Arthur Brown é uma loucura completa. Mas isso já era de se esperar, afinal de contas, no fim da década de 60 a psicodelia chocava o mundo e colocava-o num estado de choque como se este tivesse sido atingido por um meteoro. O fato é que esse disco sobre o qual eu estou tentando falar é uma puta obra de arte. Começando, primeiramente, pelo fato de ser o álbum de estréia de uma das primeiras bandas de rock a abolir completamente as guitarras elétricas, o que possibilitou uma abertura de espaço gigantesco para riffs de órgão e baixo (aliás, que riffs, hein! Vincent Crane é um dos melhores organistas que eu já ouvi na minha vida! O cara tem um dedilhado insano sobre as teclas que só ouvindo pra crer!). Outro fator que diferencia esta das demais bandas de rock é o lado teatral do vocalista Arthur Brown, que foi, junto com Jim Morrison, um dos primeiros a introduzir performances durante as apresentações ao vivo (aliás, suas maquiagens e roupas de palco influenciaram deveras astros como Peter Gabriel e Alice Cooper), deixando os shows mais eletrizantes, dinâmicos e inusitados.
A faixa de abertura do álbum, "Nightmare", começa com uma seção de cordas arqueadas que érapidamente interrompida por uma explosão organística de tirar o fôlego, do mesmo modo que o hit "Fire", que atingiu o topo das paradas britânicas e deixou Arthur conhecido como "The God Of Hellfire" (ou "O Deus do Fogo Infernal"). Além destas, outras faixas insanas se destacam, todas elas temperadas com cores, gritos e uma certa dose de piromania da parte de Brown. A criatividade é tanta que versões de músicas de James Brown ("I've Got Money") e Screamin' Jay Hawkins ("I Put A Spell On You") parecem até originais!
Juro, esses caras são sonzeira pura, vale escutar cada segundo dessa maravilha psicodélica. É uma pena que o grupo tenha se dissolvido no ano seguinte ao lançamento dessa pérola, apesar dos membros deste terem seguido para destinos brilhantes e maravilhosos (o batera Carl Palmer seguiu para o Atomic Rooster e depois para o famoso Emerson, Lake and Palmer e o baixista Nicholas Greenwood seguiu carreira solo e logo depois foi para a banda de prog Khan), deixando sobre a areia incandescente da psicodelia esta pérola única.

Faixas:
1. Prelude-Nightmare
2. Fanfare-Fire Poem
3. Fire
4. Come and Buy
5. Time/Confusion
6. I Put a Spell On You
7. Spontaneous Apple Creation
8. Rest Cure
9. I've Got Money
10. Child Of My Kingdom
11. Devil's Grip
12. Give Him a Flower
13. What's Happening?
14. Prelude-Nightmare (Mono)
15. Fanfare-Fire Poem (Mono)
16. Fire (Mono)
17. Come and Buy (Mono)
18. Time/Confusion (Mono)

Baixar (esse link eu peguei não me lembro mais aonde, e é o melhor de todos. Se pedirem uma senha pra descompactar o arquivo, a senha é "xara", sem as aspas, por favor.)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Luizinho & Seus Dinamites - Choque Que Queima! (1964)

Gravado em 1964, "Choque Que Queima" é o único álbum do grupo Luizinho & Seus Dinamites e também, sem dúvidas, uma das maiores preciosidades do twist em todo o mundo. As doze faixas trazem consigo a marca da época, com um pé no rock instrumental do fim dos anos 50 e outro na beatlemania, porém sem aquele tom ingênuo característico da Jovem Guarda (sem querer desmerecê-la, é claro).
O disco, composto por abrasileirações de músicas de Cliff Richards & The Shadows ("Choque Que Queima", por exemplo, é uma versão de "Choppin' and Changin'"), passeia entre canções de amor ("As Estações" e "Eu Vou À Lua"), twists embalados ("Dinamite" e "Carango Twist") e faixas instrumentais dançantes ("Ventures Twist" e "Guitar Twist"). As letras em geral giram em torno do universo das festas de twist, dos tempos em que se pegava a caranga e estacionava na contramão na Rua do Rock.
E, como canta o próprio Luizinho na faixa de abertura, "os Dinamites quando tocam botam pra quebrar". Nessa mesma canção o vocalista apresenta seus companheiros de banda, Carlinhos (na bateria, sempre a batucar), Jair (que na sua guitarra faz a marcação), Antônio (barbarizando o contrabaixo) e Euclides (o guitarrista, que quando sola mais parece um canhão). Alguns desses participaram também dos Blue Jeans Rockers, ex-grupo de Luizinho nos anos 50.
Enfim... Concluindo, digo que é um puta disco. Raro achar coisa tão boa desse gênero aqui pelo Brasil (a maioria de seus contemporâneos ficavam fechados na imitação). Extra-recomendado pelos saqueadores de cidades.
"Esse choque me queima, esse choque me deixa maluco!"

Faixas
1. Dinamite
2. Choque que Queima
3. Ventures twist
4. Eu Vou à Lua
5. As Estações
6. Apache
7. A Raposa e o Corvo
8. Carango Twist
9. Bongo Blues
10. Uma Voz na Solidão
11. Lâmpada do Amor
12. Guitar Twist


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(peguei lá do brazilian nuggets esse link...)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Harry Manfredini - Friday The 13th Soundtrack (1980, 1981,1982)

A história é mais ou menos a mesma na cabeça de todos. Em 1958, um garoto chamado Jason se afoga no acampamento Crystal Lake, por negligência dos monitores (eles estavam fazendo sexo, tchanam!). Em 1980, uma série de homícidios no mesmo local poderia ser atribuída ao próprio Jason, que retornou dos mortos? Ou à sua mãe? Ah... Todos sabem o final dessa droga de filme. Bom, pode até ser uma droga, mas é um dos meus favoritos.

Mas continuando... Três meses depois da chacina mostrada no primeiro capítulo, mais 13 adolescentes são mortos por Jason em Sexta-Feira 13 Parte 2. Na noite seguinte (Sexta-Feira 13, Parte 3), Jason comete outra chacina! E depois ele morre e revive, morre e revive e continua assim por mais eternos 7 capítulos... Mas o mais impressionante da franquia, a meu ver, é a trilha sonora. Todo o sucesso não seria alcançado sem o trabalho de Harry Manfredini, o compositor das dos filmes 1-6. Seu trabalho nunca foi reconhecido e lançado corretamente para um público grande.

Eu já tinha desistido de procurar além da porcaria que já tinha sido lançada (três músicas com 10 minutos cada, com pedaços da trilha original) porque o próprio Harry Manfredini tinha me dito (Sim, eu mandei e-mails pra ele) que os negativos em que o material bom de verdade ficava estavam danificados demais para serem recuperados.

Mas ontem eu tive uma surpresa! Navegando pelo orkut, descobri que foram lançados 3 CD's com a soundtrack original inteira! Depois de 3 anos esperando alguma luz, ela chegou, e aí vão eles:



Friday The 13th (1980)

Faixas:
1. Camp Blood New (0:19)
2. Prelude (0:51)
3. We Weren´t Doin´Anything (1:35)
4. Main Title (1:04)
5. Kill The Cook (1:36)
6. The Snake (0:07)
7. Ralph´s Warning (0:29)
8. What´s In The Top Bunk (0:17)
9. Jack´s Death (0:13)
10. The Outhouse (2:47)
11. The Arrow (1:52)
12. Resting (0:27)
13. Bill Behind The Door (3:20)
14. The Terror Begins (0:45)
15. Mrs.Voorhees (2:51)
16. Her Revenge (1:26)
17. The Attack Continues (1:26)
18. The Beheading (0:27)
19. End Title (Sail Away Little Sparrow) (2:37)
20. Source Music [The Ride To The Camp] (1:08)
21. Introduction To Horror (11:32)




Friday The 13th Part 2 (1981)

Faixas:
1. Jason´s Out There (1:25)
2. Dreams Of Camp Blood (4:23)
3. Revenge For Mother (2:10)
4. Main Title (1:55)
5. Lurking (0:17)
6. Jason Moves Upstairs (1:02)
7. Jason´s Knife (1:12)
8. Attacking Paul And Ginny (1:36)
9. After Ginny (1:30)
10. Hiding In The Cabin (1:30)
11. Mother Is Talking To You (3:53)
12. Safe At Last (1:56)
13. Head Of The Family (End Credits) (2:04)
14. Source Cue [The Bar] (0:36)
15. Excerpts In Terror (5:16)




Friday The 13th Part 3 3D (1982)

Faixas:
1. A Warning (0:32) - Harry Manfredini
2. Picking Up The Story (3:11) - Harry Manfredini
3. Main Title (1:37) - Harry Manfredini
4. At The Store (2:59) - Harry Manfredini
5. Jason Watches/Shelly´s Joke (1:38) - Harry Manfredini
6. In The Barn (3:19) - Harry Manfredini
7. In The Shower (1:08) - Harry Manfredini
8. Reading Fangoria (0:08) - Harry Manfredini
9. Fire Poker (1:03) - Harry Manfredini
10. Jason Through The Window (2:03) - Harry Manfredini
11. Final Battle (1:57) - Harry Manfredini
12. Why Won´t He Die (1:00) - Harry Manfredini
13. Theme From Friday The 13th Part III (3:41) - Harry Manfredini & Michael Zager, Hot Ice
14. Moments Of Madness (11:24) - Harry Manfredini


domingo, 23 de agosto de 2009

Pierre Schaeffer & Pierre Henry - Symphonie Pour Un Homme Seul (1949)

Pierre Schaeffer foi um radialista, que trabalhando com recursos de looping, reversão e velocidade sobre fragmentos de fitas magnéticas, construiu o princípio do gênero musical que ficaria conhecido como a “musique concrète”. É o fruto de fragmentos de sons industriais ou naturais mexidos e remexidos formando composições acerca de certos assuntos (ou não), como Schaeffer faz com trens e estradas de ferro em "etude aux chemins de fer", que é reconhecida como a primeira peça do gênero.Esse movimento pretendia criar uma música "de verdade" ou "concreta", colocando, para isso, elementos naturais e musica apartir de até então ruidos cotidianos ou corriqueiros. A música concreta busca novas dimensões para o som através de experimentações, tentando situar os ruídos no meio espacial, dando um caráter concreto à música. Pierre tentou achar e classificar quantos sons fosse possível da natureza, o que lhe dava uma gama maior do que era possível criar.
Pierre Henry, compositor francês, conheceu Schaeffer em 1950, quando formaram o ”Groupe de Recherche de Musique Concrète GRMC”. Henry, por sua vez, é reconhecido por seu pioneirismo em outro gênero: a musica eletroacústica, que trabalha com criação ou modificação por computador.
Devido à extrema fragmentação e talvez certa falta de compreensão o trabalho de Schaeffer e Henry só começou a ser tomado como satisfatório certo tempo depois com trabalhos como o presente “Symphonie Pour Un Homme Seul”, que mesmo sendo de caráter ainda pouco compreensível para ouvidos leigos foi uma obra certamente marcante, por sua inovação quanto a recursos (aceleração, reversão, loop).
Retratando elementos de diversas áreas, é possível mergulhar no universo de cada ambiente retratado musicalmente. Faixas são cheias de emoção, seja como em "Colletif" ou em "Eroïca", e criam incomodo à psique, criando certa sensação enclausurante.
Outro aspecto intrigante desse movimento é a atonalidade, tal como em "Partita", onde são recortados sons de instrumentos em uma experiência metalinguística, pois se reflete sobre música na própria com fragmentos musicais.
Outro álbum completamente aberto a entendimentos diversos, e basta apenas se deixar levar pelos sons que se chega em interpretações únicas.
Tracklist:
1. Prosopopee I
2. Partita
3. Valse
4. Erotic
5. Scherzo
6. Collectif
7. Prosopopee II
8. Eroïca
9. Apostrophe
10. Intermezzo
11. Cadence
12. Strette

sábado, 22 de agosto de 2009

História da MPB: Música Sertaneja (1983)

Primeiro de tudo, quero ressaltar que, apesar do nome, este disco não é uma coletânea de música sertaneja. Pelo menos não da música romântica barata feita duplas fantasiadas de caubóis americanizados que caracteriza o gênero que chamamos de "sertanejo" atualmente. O que temos aqui nada mais é do que uma compilação de clássicos da genuína música caipira de raíz. O canto tradicional do homem rural do interior de São Paulo.
O álbum é introduzido por uma explicação de o que é o gênero gravada pelo próprio Cornélio Pires, o maior pesquisador da cultura e da figura do caipira paulista, que foi responsável pela introdução da Moda de Viola no mercado musical em 1929, por meio de uma empreitada ousada. Sobre essa empreitada, abro aqui um parênteses para contar a tal história (ou deveria dizer "causo"?): as gravadoras não aceitaram fazer a tiragem de discos proposta por Cornélio (era maior até do que as dos discos de sucesso da época) e este a bancou com dinheiro emprestado. Assim que ficaram prontos, colocou tudo num carro e saiu vendendo pelo interior de São Paulo. Antes de chegar em Bauru já tinha vendido tudo. Enfim, lenda é lenda...
Voltando a falar do disco... Após a emocionada abertura narrada por Cornélio Pires, temos "Moda de Peão", uma típica Moda de Viola, daquelas que parecem lamento. É cantada por uma dupla acompanhada por um violão e a letra tem um quê de relato, em primeira pessoa, como se fosse uma contação de causo. Em seguida vem "Fogo no Canaviar", Moda com características que surgiram no gênero no pós-guerra, tal qual o uso de instrumentos como o acordeão. Depois vem "Moda da Pinga", cantada por Inezita Barroso numa interpretação confiante de si mesma.
Daí em diante o disco vai se desenrolando em várias outras belas obras, interpretadas por grandes nomes do gênero, como Vieira & Vieirinha, Itaporanga & Itararé, Tião Carreiro & Pardinho... De Tonico & Tinoco, provavelmente a maior dupla caipira da história, temos aqui o emocionante super-clássico "Tristeza do Jeca", que mais tarde virou nome e tema do filme de Mazaroppi. Outros clássicos como a trágica "O Menino da Porteira" também estão presentes nessa compilação.
Enfim, este é um álbum que vale a pena ouvir caso se tenha interesse. É sempre bom estar disposto para ouvir... Livre dos preconceitos que geralmente são associados aos termos "caipira" e "sertanejo". Pelo menos do ponto de vista antropológico (assim como aquele disco da Sumatra que eu postei aqui há um tempo), é muito muito bom.

Faixas:
1. Moda do Peão - Cornélio Pires
2. Fogo no Canaviar - Alvarenga & Ranchinho
3. Moda da Pinga -Inezita Barroso
4. Boi Amarelinho - Torres & Florêncio
5. Sertão do Laranjinha - Tonico & Tinoco
6. O Menino da Porteira - Tião Carreiro & Pardinho
7. Beijinho Doce - Irmãs Castro
8. Mágoa do Boiadeiro - Ouro & Pinguinho
9. Quatro Coisas - Vieira & Vieirinha
10. Tristeza do Jeca - Tonico & Tinoco
11. Três Nascentes - João Pacífico
12. Jorginho do Sertão - Itaporanga e Itararé

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