domingo, 20 de dezembro de 2009

Jards Macalé - Jards Macalé (1972)

Jards Macalé é o gênio oculto do tropicalismo. Sua mistura sempre inusitada de gêneros muitas vezes antagônicos resultou num estilo inclassificável e característico. Macalé sempre foi um sujeito criativo, e isso se reflete em cada trabalho seu.
Ativo desde 1969, nunca conseguiu atingir sucesso comercial considerável. Isso é explicável, todavida. Suas músicas, apesar de serem geniais, apresentavam um caráter que poucos puderam compreender naquela época de ditadura. Jards era um homem à frente de seu tempo.
Em 1972, lançou seu primeiro trabalho, um disco solo. Trata-se de uma obra rica e heterogênea. A faixa de abertura, uma espécie de balada experimental anti-rock, "Farinha do Desprezo", é uma composição complicada, com letras densas. "Revendo Amigos", ao contrário da música anterior, já tem um ritmo mais solto, animado, lembrando inclusive a forrozeiras de Luiz Gonzaga. Suas letras excessivamente libertárias e anárquicas foram censuradas pelo governo ao menos 12 vezes antes que a música pudesse ir de algum modo parar nas rádios. "Let's Play That" é uma sonzeira bem louca sobre uma visita de um anjo para Jards. É interessante parar para prestar atenção na letra dessa aqui, que diz "vai bicho/desafiar o coro dos contentes". Macalé com certeza o fez, e a excentricidade da obra reflete essa idéia. "Mal Secreto", uma faixa tanto quanto similar à acima citada é uma amostra interessantíssima das características mais marcantes do músico.
Temos, ainda, uma versão meio suicida do roquenrou "Farrapo Humano", de Luiz Melodia, emendada num sambão tropicalista, esse de Gilberto Gil, "A Morte". Vale ainda prestar atenção na esfomeada "Meu Amor Me Agarra & Geme & Treme & Chora & Mata", na romântica e bem-ritmada "78 Rotações" (a letra dessa aqui é fantástica! Só mesmo um freak que nem o Macalé pra se afirmar um "Long-love devagar quase parando em 78 por segundo rotações") e na
deprimente "Movimento dos Barcos", uma das favoritas dos fiéis fãs de Macalé.
Além da incapacidade popular de compreender um disco tão bacana como esse, também outro fator impossibilitou-o de conseguir consagração nacional: a tiragem pouca, que fez com que poucas cópias fossem vendidas e o disco saísse logo de catálogo.
Uma pena, porque é um disco legal. Vale a pena dar uma ouvida, principalmente se você for um simpatizante do movimento tropicalista. Ou se você gostar de sonzeiras mais exóticas.
Ou não, quer saber? Ouvir isso aí é bacana. Gostar é outra história.

Faixas:
01. Farinha do Desprezo
02. Revendo Amigos
03. Mal Secreto
04. 78 Rotações
05. Movimento dos Barcos
06. Meu Amor me Agarra & Geme & Treme & Chora & Mata
07. Let's Play That
08. Farrapo Humano/A Morte
09. Hotel das Estrelas


(link nos comentários, pessoal!)

2 comentários:

Bonniwell de Magalhães disse...

http://www.mediafire.com/?unaxhgnrvkm

Anônimo disse...

quem gravou o baixo e a violão solo foi o lanny gordin