quinta-feira, 1 de julho de 2010

Sam Rivers - Crystals (1974)

Sam Rivers foi um daqueles instrumentistas que, além de tocar e criar músicas, criou músicos que se afamosaram pelo mundo.
Nasceu, no começo da década de vinte, em Oklahoma, onde seu pai era cantor era cantor gospel. Foi criado na música. Com vinte e poucos anos, foi estudar no conservatório de Boston, onde muito aprendeu quanto à teoria musical e orquestração, que muito utilizou tempos depois. Pouco depois, mudou-se para a Florida, onde começou a estabelecer um legado. Anos se passaram e ele novamente (e finalmente) armou a barraca em outro campo: Nova Iorque. Quanta estrada!
Em 1964, quando Sam estava com quarenta anos, começou a gravar seus primeiros discos com a estampa da famosa Blue Note Records. Foram quatro lançamentos no total, e, nesse momento, Rivers adentrou o mundo do Jazz. Seu estilo foi encaixado num free jazz pendente a um bebop. Ele utilizava muito do recurso do “inside-outside”, que é quando o músico caminha entre a harmonia e a não-harmonia, ou seja, entre as notas certas e as notas que soam mal de acordo com a base da música. E conseguia fazer isso mantendo uma linearidade musical, com começo-meio-fim, o que é muito difícil quando se trata de gêneros livres.
Nesse período em que passou na Blue Note, Rivers aparceirou-se de grandes nomes do jazz internacional, como Miles Davis e Freddie Hubbard.
Parou de gravar com a Blue Note nos anos 70, que foi sua época áurea. Liderava sessões de free jazz no Studio RivBea, donde saíram diversas preciosidades. “Crystals”, seu primeiro álbum com a Impulse! Records, era uma preciosidade, mesmo não tendo sido fruto dessas sessões. Nesse disco, Sam e sua banda caminham sobre o free jazz e o jazz padrão. Por isso, esse álbum expressa muito bem a idéia do recurso “inside-outside”. Sugiro como musica exemplo para o álbum todo à faixa “Exultation”. O disco contou com a participação de quase 80 músicos, sendo predominantemente naipes de metais e madeiras.
O álbum inteiro trata de contradições. Seja no dentro-fora do recurso de Sam, ou em faixas como “Postlude”, onde é posta a melancolia de um solo seguida da euforia da anarquia de oitenta juntos. Mas sempre com transição.
Não é certo pensar em ascensão nem descendência musical, e sim como carregar uma música pode engrandecer um plano musical e decrescer outro. É interessante dizer que, as vezes, a voz de muito pode demonstrar o mesmo que a voz de um, mesmo que esse não seja necessariamente o propósito do free jazz como movimento musical. A capa de “Crystals” expressa muito vem essa idéia de como um coletivo, retalhado, pode ser um ser único ou múltiplos seres e vozes.
Voltando ao concreto, Sam divagou pelos anos setenta, onde deixou seu nome. De suas sessões no Studio RivBea, saíram grandes músicos, como Dave Holland ou Steve Coleman.
Sam é vivo, e ainda propaga seu som por ai. Tocou com uma orquestra montada por ele próprio, e chegou até a ganhar uma consideração de Grammy pela sua orquestração.
Ulalá!

faixas:

1. Exultation
2. Tranquility
3. Postlude
4. Bursts
5. Orb
6. Earth Song

linqueus nus comentárius.

Um comentário:

Batistti disse...

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