quinta-feira, 1 de julho de 2010

Sun Ra - Space is the Place (1972)

Herman Blount era um menino do Alabama, um ótimo estudante. Quando pequeno, sofreu de uma hérnia testicular, e sentia muita dor e, em conseqüência disso, privava-se de muito convívio social. Desde seus dez anos, quando começou a escrever suas musiquinhas, tinha um dom para as teclas, dominava o piano e o teclado que era inacreditável. Com vinte anos, começou a formar bandinhas por ai enquanto continuava estudando. Blount gostava de fazer arranjos, e era muito criativo, talvez ousado demais para aquela época.
Em 1946, o músico Fletcher Henderson contratou-o para arranjar temas de sua banda. Um ano depois, porém, Herman foi demitido do cargo devido às reclamações dos músicos da banda quanto à dificuldade de tocar os arranjos oriundos da cabeça ultra-inventiva de Blount.
Mais ou menos essa época Herman estudou e discutiu muito egiptologia, cosmologia, ficção científica e afins junto com o produtor Altam Abraham. Juntos decidiram, tempos depois, a formar uma banda que unia jazz, mitologia, orgulho negro, ficção científica e o cosmos. Juntos formularam um plano de fundo que acarretou na reencarnação de Herman Blount em Sun Ra, um viajante vindo de saturno para ajudar os negros maltratados na terra, procurando um novo local para esses em galáxias distantes. O nome Sun Ra é, muito provavelmente, em alusão a Ra, o deus-sol do Egito.
Na metade dos anos 50, Sun Ra começou a fazer aparições com a sua banda, ou melhor, sua Arkestra, como era chamada. Esta sempre carregava conotação espacial (chama-se algo derivado de Solar-Mith ou Mith-Science), assim como todos os álbuns lançados por Ra.
Nessas apresentações, Ra mostrava sua versatilidade usando diversos sintetizadores e órgãos. E esse grupo começou a lançar discos descomunalmente. Eram mais de dois discos por ano aproximadamente.
Em 72, influenciado pela era da psicodelia, Ra e seu grupo montaram um filme, e conjuntamente a esse, um disco, ambos de nome: “Space is the Place”. Esse foi o auge da música de Sun Ra, onde ele passou de estranho para intrigante para muitos. Ele já tinha lançado mais de 40 álbuns até então, mas o filme e o disco marcaram sua trajetória na terra.
O LP contava com 5 faixas, muito diversas umas das outras. Na primeira delas, de nome do disco, Sun Ra fez um complexo arranjo que dispunha um jazz confuso e único que emergia numa liberdade cósmica. O trabalho com o atonal e com o free jazz eram evidentes, embora ocorresse a clara evidência de um arranjo sólido por trás dos vinte minutos aparentemente aleatórios que circundam essa faixa.
Contudo, não é somente na aleatoriedade que Sun Ra se estabelecia. É claro esse recurso em faixas como “Rocket Number Nine” ou “Sea of Sounds”, ambas faixas muito únicas, em especial a segunda, pela disposição de um imenso arsenal de sons inéditos em músicas. Mas na segunda faixa do álbum, “Images”, é posto um jazz com direito a tema no piano e walking bass, além de um naipe de metais bem característico e melancólico.
Terminando, cabe citar a terceira faixa, onde Ra mostra a monotonia e o arrastamento representado pela “Discipline”, pela disciplina. Ele, de certa forma, coloca como é chata mas diversa essa cadeia, um tema muito explorado por ele, ao passo que ele é, de certa forma, uma quebra com o método.
Bom, depois desse disco Sun Ra lançou mais de 30 álbuns, alguns mesmo após sua morte, e mostrou-se o músico mais excêntrico e controverso do mundo do jazz.
E esse disco merece muito mais que uma mera resenha, escute-o.


Faixas:
1- Space is the Place
2- Images
3- Discipline
4- Sea of Sounds
5- Rocket Number Nine

linke espacial nos comentários

4 comentários:

Batistti disse...

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kafestyle disse...

Pô, eu não consigo dezipar pq pede senha... podem me dar?!

kafestyle disse...

e a senha é:

theshapeofchaostocome.blogspot.com

Anônimo disse...

amixes,
link "NOVO"
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